Dólar fecha em queda com ação do BC e expectativa de novos recursos
A decepção com os números do mercado de trabalho nos Estados Unidos, na sexta-feira, e o anúncio do início da rolagem do lote de US$ 11,03 bilhões em contratos de swap cambial pelo Banco Central, cujo primeiro leilão está marcado para quinta-feira, levaram os investidores a reduzir as posições em dólar, sustentando a queda da […]
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A decepção com os números do mercado de trabalho nos Estados Unidos, na sexta-feira, e o anúncio do início da rolagem do lote de US$ 11,03 bilhões em contratos de swap cambial pelo Banco Central, cujo primeiro leilão está marcado para quinta-feira, levaram os investidores a reduzir as posições em dólar, sustentando a queda da moeda americana frente ao real pelo segundo dia consecutivo. A expectativa de entrada de recursos oriundos de captações externas, após a Petrobras ter aberto a janela para emissões de bônus no exterior, também contribuiu para sustentar a valorização do real.
Depois de atingir a mínima do ano, de R$ 2,3410, o dólar apresentou uma recuperação frente ao real acompanhando o fortalecimento da moeda americana no exterior. O dólar comercial encerrou em queda de 0,59% a R$ 2,3510 . O dólar futuro para fevereiro recuava 0,23%, cotado a R$ 2,368.
O BC informou na última sexta-feira que dará início, na quinta-feira, à rolagem do lote de US$ 11,03 bilhões em contratos de swap cambial com vencimento previsto para 3 de fevereiro. As condições do leilão serão divulgadas na quarta–feira.
A entrada de recursos pela manhã contribuiu para acentuar a queda do dólar um pouco antes da formação da taxa Ptax. Analistas afirmam que é possível que a Petrobras esteja internalizando hoje parte dos 3,05 bilhões de euros e 600 milhões em libras captados na semana passada, cuja liquidação financeira da operação está prevista para esta semana. Enquanto isso, os investidores aguardam o fechamento de novas operações. BB e BNDES planejam emissão de bônus no exterior para este mês.
Apesar da entrada de recursos da emissão da Petrobras ser fechada nesta semana, boa parte desse fluxo já está no preço do câmbio desde o dia do anúncio, na semana passada, Caio Sasaki, gerente de análise da XP Investimentos.
Lá fora, o dólar subia frente às principais moedas emergentes, recuperando parte das perdas verificada na última sexta-feira diante da divulgação do número menor que o esperado da criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos em dezembro. A visão é de que o dado mais fraco de dezembro não demonstra ainda uma tendência e não será suficiente para o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) rever a estratégia de redução das compras mensais de títulos, que foi reduzida em US$ 10 bilhões a partir de janeiro, somando US$ 75 bilhões por mês. Lá fora o dólar subia 0,72% frente ao peso mexicano, 1,46% em relação ao rand sul-africano e 0,83% diante da lira turca. “Acredito que a queda da criação de vagas de trabalho foi mais pontual, uma vez que a economia americana não tem dado sinais de piora”, destaca Sasaki, da XP Investimentos, que vê o câmbio negociando mais próximo da faixa entre R$ 2,40 e R$ 2,50.
Hoje o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Dennis Lockhart, disse que as reduções das compras de ativos pelo banco central americano continuarão nos próximos meses, caso a economia americana atenda as expectativas. Lockhart espera um crescimento entre 2,5% e 3% para o PIB dos Estados Unidos neste ano. Atualmente Lockhart não tem direito a voto no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).
Após os dados fracos do mercado de trabalho, os investidores estrangeiros reduziram a posição líquida comprada em dólar na BM&F para US$ 25,812 bilhões na última sexta-feira, depois de terem atingido o recorde de US$ 26,955 bilhões na quinta-feira, 9 de janeiro. Para o Sasaki, da XP, o movimento de sexta-feira foi só uma correção pontual, refletindo os dados fracos do mercado de trabalho nos EUA, mas não significa uma reversão da posição dos estrangeiros que devem continuar comprados em dólar em relação ao real. Boa parte dessa posição comprada em dólar dos estrangeiros reflete a busca por “hedge” para os investimentos realizados no mercado local.
Para o banco Standard Chartered, a posição comprada dos investidores estrangeiros em dólar em relação ao real na BM&F tem alcançado nível extremo, condizente com significantes correções históricas e o banco recomenda uma desalavancagem dessas posições, apostando em uma queda no curto prazo do dólar frente ao real, destaca o banco em relatório. O banco ressalta que em conversa com os participantes do mercado, os investidores locais estão mais pessimistas e descontentes com a disciplina fiscal do governo brasileiro, enquanto os estrangeiros acreditam que os retornos de ativos brasileir os e os retornos esperados para o mercado de ações suportem a exposição nesses investimentos em 2014.
Os investidores aguardam para esta semana a decisão do BC sobre a taxa básica de juros, hoje em 10%. Para Sasaki, da XP, uma redução no ritmo de alta da taxa Selic para 0,25 ponto percentual na próxima reunião não teve ter grande impacto, uma vez que já é esperado pelo mercado. No entanto, após o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ter ficado em 5,91% em 2013, acima dos 5,84% registrados em 2014, muitos analistas passaram a prever que o BC poderá ter que prolongar o ciclo de alta da taxa básica de juros, podendo manter o ritmo de alta de 0,5 ponto percentual. Se isso ocorrer, o real pode ganhar maior atratividade, uma vez que aumentará o diferencial de juros entre o mercado interno e externo.
Hoje o BC seguiu o cronograma do programa de intervenção diária no mercado de câmbio e vendeu todos os 4 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão, em operação que movimentou o equivalente a US$ 199,2 m ilhões. A liquidação da venda está marcada para amanhã, terça-feira, dia 14, e os papéis vencem em 2 de maio de 2014.
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