Após a forte alta verificada ontem, a pressão de alta do dólar diminuiu no mercado de câmbio local, depois que o Banco Central aumentou o número de contratos de swap cambial ofertados no leilão de rolagem realizado hoje, que tinham vencimento previsto para 1º de julho. Dúvidas sobre a continuidade do programa de intervenção no câmbio e um cenário de maior aversão a risco no mercado externo, no entanto, continuam impulsionando a maior demanda por hedge.

O dólar comercial fechou em ligeira alta de 0,04% a R$ 2,2780. No mercado futuro, o contrato para julho operava estável para R$ 2,294.

Depois da alta de 1,61% do dólar ontem, impulsionada pela perspectiva de que o Banco Central poderia deixar de rolar mais da metade do lote de US$ 10,060 bilhões que vence em 1º de julho, a autoridade monetária decidiu rever sua estratégia de atuação e dobrou o número de contratos rolados no leilão de hoje.

Foram renovados 10 mil contratos, cuja operação somou US$ 495,1 milhões. Se mantiver o mesmo ritmo até o fim do mês, o BC terá concluirá a rolagem de US$ 8,750 bilhões do lote total, deixando vencer US$ 1,310 bilhão. “O BC ainda tem o controle da situação, mas está visando a eleição, e o mercado já mostrou que vai precisar dessa liquidez lá na frente”, afirma Italo Abucater, especialista em câmbio da corretora Icap. O analista lembra, no entanto, que o câmbio agora deve se estabilizar em outro patamar entre R$ 2,25 e R$ 2,30.

O BC vem aproveitando a melhora do cenário internacional para reduzir a sua posição em swaps cambiais que hoje soma US$ 86,273 bilhões, o que na prática significa uma retirada de dólares do mercado. Em maio, o BC liquido u cerca de US$ 4,65 bilhões em swaps, quase o dobro dos contratos que ele deixou de renovar em abril, que somaram US$ 2,233 bilhões. Além disso, ele deixou vencer um volume de cerca de US$ 3,5 bilhões em linha de venda dólar com compromisso de recompra. Isso levou a um aumento da busca por hedge, em meio a um cenário de interrupção do ciclo de aperto monetário frente à deterioração do crescimento econômico.

Há 27 dias do prazo previsto para acabar o programa de intervenção no câmbio, que compreende a venda diária de US$ 200 milhões por meio de contratos de swap cambial, os investidores começam a especular sobre a intenção do BC em prorrogar o programa. “Há muita incerteza sobre a continuidade das intervenções do BC no câmbio, o que estimula a busca por hedge”, afirma um analista de uma corretora nacional.

Hoje o BC vendeu todos os 4 mil contratos de swap ofertados dentro do programa de intervenção, cuja operação somou US$ 198,4 milhões. “Acho que com o dólar perto de R$ 2,30, o BC vai fazer a renovação do programa para não comprometer a eleição. Além disso, é esperado um aumento da remessa de dividendos no terceiro trimestre que costuma pressionar o câmbio para cima”, afirma Abucater, destacando que apesar das entradas de recursos para carry trade – operação que busca ganhar com a arbitragem de juros –, o fluxo cambial tem se mostrado mais negativo.

Além disso, uma escalada do dólar poderia trazer maior pressão inflacionária, o que não seria interessante para o BC, dado o cenário de interrupção do ciclo de aperto monetário e do índice de inflação já estar próximo da meta, acumulando alta de 6,28% em 12 meses até abril.

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á fora, o dólar subiu hoje frente às principais moedas emergentes, após a divulgação do aumento das encomendas de bens duráveis às fábricas nos Estados Unidos, que avançaram 0,7% em abril, acima da perspectiva dos analistas que esperavam uma alta de 0,6%.

A moeda americana subia 0,86% frente ao rand sul-africano, 0,45% diante da lira turca e 0,16% em relação ao peso mexicano.

Analistas aguardam a reunião do Banco Central Europeu (BCE), que termina na quinta-feira, que poderá anunciar novas medidas de estímulos para impulsionar o crescimento da zona do euro.