Dois estados americanos começam a vender maconha para uso recreativo
Os usuários de maconha nos Estados Unidos finalmente poderão, a partir de hoje, consumir o produto legalmente com fins recreativos em dois estados do oeste do país, Washington e Colorado. Uma lei aprovada em novembro prevê nos dois estados a abertura dos primeiros coffee shops, onde os consumidores poderão comprar até 28 gramas de maconha […]
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Os usuários de maconha nos Estados Unidos finalmente poderão, a partir de hoje, consumir o produto legalmente com fins recreativos em dois estados do oeste do país, Washington e Colorado.
Uma lei aprovada em novembro prevê nos dois estados a abertura dos primeiros coffee shops, onde os consumidores poderão comprar até 28 gramas de maconha a cada vez de forma legal, desde que tenham pelo menos 21 anos.
A lei é uma novidade no continente americano, onde até pouco tempo imperava uma combinação de proibição e repressão aos consumidores, além de um combate armado aos produtores e traficantes, sobretudo nas Américas Central e do Sul.
Mas as coisas estão mudando. Em maio, a Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgou um documento no qual incentiva a análise de uma eventual legalização da maconha como forma de luta contra o narcotráfico.
E em 10 de dezembro, o Senado uruguaio aprovou a legalização da produção e venda da maconha no país, sob controle do Estado.
Na América do Norte, o México, que trava uma batalha violenta contra o narcotráfico, também estuda a possibilidade, enquanto o Canadá, até agora muito repressivo, flexibilizou sua política e considera aplicar uma simples multa aos consumidores de maconha, ao invés de um processo.
Nos Estados Unidos, uma pesquisa recente mostrou que menos de 40% dos alunos que cursam o último ano do ensino médio consideram a maconha perigosa, contra 44% um ano antes. No total, 23% admitiram ter fumado maconha no mês anterior à pesquisa, número que sobe a 36% quando considerados os últimos 12 meses.
A partir desta quarta-feira, os maiores de 21 anos poderão consumir maconha abertamente nos estados de Washington e Colorado.
Aqueles que plantam maconha comemoram a medida e desejam mostra o caminho para outros estados, enquanto as autoridades aguardam a arrecadação de impostos com a nova atividade comercial.
“A novidade em si basta para atrair pessoas de todas as partes”, afirma Adam Raleigh, diretor da empresa produtora de maconha Telluride Bud Company, do Colorado.
“Sei de pessoas que virão de carro do Texas, Arizona e Utah”.
“Nos últimos meses, recebi todos os dias entre quatro e seis e-mails, entre cinco e 10 ligações telefônicas de pessoas que pedem detalhes sobre a lei e sobre a melhor data para organizar viagens que combinem esqui e maconha”, contou.
O consumo de maconha com fins terapêuticos já é legal e está regulamentado em 19 estados do país. E na maioria destes, o consumo com fins recreativos não é considerado um delito.
Mas Colorado e Washington deram um passo adiante ao com a implementação de um sistema no qual as autoridades locais supervisionarão o cultivo, a distribuição e o marketing da maconha, dando ao oeste americano um ar de Holanda com seus “coffee shops”.
O mercado é gigantesco: segundo a empresa ArcView Market Research, as vendas legais de maconha aumentarão 64% entre 2013 e 2014, passando de 1,4 bilhão a 2,34 bilhões de dólares.
No Colorado, as autoridades concederam licenças a 348 lojas, enquanto o estado de Washington recebeu 3.746 pedidos de licença, sendo 867 para lojas, segundo o jornal Seattle Times, que pediu prudência.
“A legalização da maconha é um terremoto na política de controle das drogas, talvez o mais importante desde o fim da lei seca”, afirma o jornal, em referência aos 13 anos (1920-1933) de vigência da proibição de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos.
“Tanto os defensores como os detratores não têm outro remédio a não ser conter o fôlego”.
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