Documentário sobre Fukushima mostra realidade dos “refugiados nucleares”
Antes de a crise nuclear de Fukushima expulsá-los de casa, os moradores de Futaba louvavam a usina de Daiichi como uma “bênção” que levou empregos e dinheiro à cidade costeira do Japão. Agora, mais de três anos após o desastre, eles continuam obrigados a viver em instalações de emergência apertadas e enfrentam a perspectiva de […]
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Antes de a crise nuclear de Fukushima expulsá-los de casa, os moradores de Futaba louvavam a usina de Daiichi como uma “bênção” que levou empregos e dinheiro à cidade costeira do Japão.
Agora, mais de três anos após o desastre, eles continuam obrigados a viver em instalações de emergência apertadas e enfrentam a perspectiva de jamais poder voltar para casa, já que Futaba deve se tornar um local de armazenamento de solo contaminado, revela um novo documentário.
“Acho que isto é quase uma violação de direitos humanos”, disse Atsushi Funahashi, diretor de “Nação Nuclear 2”, que estreia nos cinemas japoneses no mês que vem.
“(Eles) são forçados a morar em um abrigo temporário, sem esperança no futuro”, declarou ele durante uma sessão de perguntas na sequência de uma exibição do filme no Clube dos Correspondentes Estrangeiros do Japão na semana passada.
Os documentários “Nação Nuclear” de Funahashi acompanham os moradores de Futaba, retirados da área depois que o terremoto seguido de tsunami de 2011 desencadeou o derretimento de alguns reatores nucleares no vizinho complexo nuclear Fukushima Daiichi, permeando a cidade de radiação e transformando-a em uma “zona fantasma”.
Na região ao redor, dezenas de milhares foram obrigados a fugir. Funahashi filmou a primeira parte, que estreou no Festival Internacional de Cinema de Berlim menos de um ano após o desastre, em uma escola secundária abandonada em um subúrbio de Tóquio onde 1.400 pessoas retiradas de Futaba moravam em salas de aula.
“Nação Nuclear 2” retoma a história no Ano Novo de 2012 e cobre um período de dois anos. As pessoas abrigadas na escola desejam um bom ano uns aos outros, admiram cartões comemorativos e conversam digerindo seus “bentô” – refeições prontas, de uma porção – e tentando preservar um semblante de normalidade.
“Este é o problema profundo que sinto agora, e não simplesmente recuperar a casa ou o terreno que perderam”, afirmou Funahashi, referindo-se à maneira como a angústia da espera em condições espartanas deixa os nervos à flor da pele.
“Durante 40 anos foi uma bênção”, diz uma idosa sobre a usina no filme.
O governo está empenhado em religar os reatores, assim que eles passarem por verificações de segurança mais rigorosas, para reduzir sua dependência do combustível importado.
Mas a desconfiança pública em relação à energia atômica continua alta, e Funahashi diz que persistirá com sua série “Nação Nuclear” para mostrar o lado humano da equação nuclear.
“Sinto-me responsável, como cineasta, a continuar os filmes enquanto a vida de refugiado do povo de Futaba continuar”, declarou.
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