A presidente Dilma Rousseff, que concorre à reeleição pelo PT, prosseguiu com a estratégia de críticas à principal adversária na disputa presidencial, Marina Silva (PSB), e responsabilizou a ex-ministra pela demora nos licenciamentos ambientais durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Marina e Dilma foram colegas no ministério do governo Lula e, por vezes, estiveram em lados opostos, uma vez que Marina comandou o ministério do Meio Ambiente e Dilma foi titular do Ministério de Minas e Energia e da Casa Civil. A presidente sempre pressionou Marina por licenciamentos mais céleres para obras federais quando ambas eram ministras.

Questionada sobre como era o convívio no ministério com Marina, durante entrevista à RedeTV e ao portal IG gravada na quinta-feira e exibida na madrugada desta sexta, Dilma afirmou que Marina sempre pareceu “bem intencionada”, mas que não concordava sempre com a ex-colega.

“Nunca houve um embate, eu diria assim, ácido”, disse Dilma.

“A candidata tinha uma reação muito acentuada quando se tratava de licenciamento de hidrelétricas”, lembrou a petista, para então emendar a crítica sobre os licenciamentos.

“No caso de Santo Antônio e Jirau (usinas construídas no Rio Madeira) houve um tempo de demora muito grande (para o licenciamento)”, afirmou a presidente. “Houve muitas e muitas demoras… sempre com responsabilidade dela (Marina).”

Segundo a presidente, entretanto, esses embates ajudaram o governo a aperfeiçoar os processos de licenciamento ambiental, principalmente ao criar prazos para emissão de pareceres.

Marina tem sido acusada por adversários de ter dificultado licenças ambientais para usinas hidrelétricas com grandes reservatórios, o que teria contribuído para o quadro atual do uso de energia mais cara das termelétricas.

Na quinta-feira, a candidata do PSB negou ter qualquer responsabilidade. Segundo ela, quando foi ministra aprovou o dobro de licenciamentos ambientais do que na época do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Na entrevista, Dilma ainda foi instada a definir se Marina era “progressista ou conservadora”, mas evitou rotular a adversária.

“Vou me permitir a não fazer esse tipo de discussão que é branco e preto. Eu acho que tem gradações de cinzento muito preocupantes”, afirmou.

A menos de um mês da eleição, Dilma aparece em empate técnico com Marina, segundo a última pesquisa Datafolha, tanto no primeiro como no segundo turno da disputa presidencial.

PETROBRAS

Dilma voltou a dizer na entrevista que não suspeitava de supostas irregularidades cometidas pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso durante a operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga esquema de lavagem de dinheiro.

Informações vazadas à imprensa dos depoimentos de Costa à PF, mediante delação premiada, revelaram um suposto esquema de repasse de recursos a políticos e partidos da base aliada envolvendo a estatal.

Segundo Dilma, a saída de Costa da diretoria da empresa não ocorreu devido a alguma suspeita, mas a troca interrompeu qualquer ilícito que estivesse ocorrendo na estatal.

“Não houve na substituição de nenhum dos funcionários nenhuma suspeita de algum ato ilícito, porque daí não seria substituição pura e simples. Eu teria que tomar providências”, disse.

“A saída dessas pessoas, no caso específico com a saída do Paulo Roberto, o que aconteceu? Nós bloqueamos todas as outras hipóteses de ele continuar cometendo todos os ilícitos que tinha cometido”, disse.

“Isso eu soube a posteriori, mas foi essa a consequência prática”, explicou.