Destino de brasileira detida na China e suspeita de morte no Japão é incerto
Sem um acordo de extradição de prisioneiros entre China e Japão, é incerto o destino da brasileira suspeita de envolvimento no assassinato da enfermeira Rika Osada, de 29 anos, cujo corpo foi enviado por um serviço de entrega expressa de Osaka para Tóquio. Como a brasileira é apenas suspeita no caso, o nome dela ainda […]
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Sem um acordo de extradição de prisioneiros entre China e Japão, é incerto o destino da brasileira suspeita de envolvimento no assassinato da enfermeira Rika Osada, de 29 anos, cujo corpo foi enviado por um serviço de entrega expressa de Osaka para Tóquio.
Como a brasileira é apenas suspeita no caso, o nome dela ainda não foi divulgado pela polícia. A mulher, de 29 anos, está detida em Xangai, na China, acusada de entrada ilegal no país – após se entregar ao Consulado japonês na cidade.
O Ministério das Relações Exteriores do Japão fez um pedido para extradição da brasileira, mas os dois países não têm um tratado bilateral nessa área. E o fato de a mulher ter nacionalidade brasileira complica ainda mais o caso.
A polícia de Osaka, que suspeita do envolvimento da mulher no assassinato da enfermeira e deseja interrogá-la, enviou à China um pedido de extradição acusando a jovem de ter usado um passaporte falso para sair do país.
Muitos jornais japoneses publicaram opiniões de especialistas em direito internacional, que se disseram pessimistas em relação a um possível acordo diplomático nesse caso.
As relações entre China e Japão andam muito estremecidas e, por essa razão, muitos acreditam que a brasileira pode vir a ser extraditada para seu país de origem.
O professor de Direito Norio Tsujimoto, da Universidade Kinki, disse ao jornal “Yomiuri” que existe também a possibilidade de o Brasil – após eventual solicitação do Japão – pedir à China a deportação da brasileira.
A BBC Brasil entrou em contato com a embaixada brasileira em Tóquio para saber se o governo japonês já fez alguma consulta oficial, mas foi informada de que ainda não será feita nenhuma declaração sobre o caso.
Japão e Brasil também não têm acordos nessa área. O governo brasileiro, a princípio, não extradita seus cidadãos, mesmo que foragidos da polícia em outros países.
Uma equipe da TV japonesa Fuji registrou imagens da brasileira na China. Segundo a reportagem, ela estava em Xangai desde domingo (25), na casa de uma amiga chinesa que teria viajado com ela.
Na manhã de terça-feira (27), a suspeita foi vista conversando com a amiga na rua e, logo depois, voltou para a casa, trocou de roupa e foi ao Consulado Geral do Japão para se entregar.
Entenda o caso
O caso teve início com o desaparecimento, há dois meses, da enfermeira Rika Osada, que vivia em Osaka. Desde o dia 21 de março, a mulher não foi mais ao hospital onde trabalhava.
Pouco antes de sumir, ela tinha escrito em uma conta na rede social que iria se encontrar com uma amiga a quem não via há muitos anos.
O corpo de Rika foi encontrado a cerca de 300 quilômetros de onde morava, dentro de uma caixa de papelão de 2 metros. O cadáver da enfermeira foi enviado pelo serviço expresso de encomendas e, no formulário de entrega, o conteúdo da caixa foi descrito como sendo uma “boneca”. O endereço aonde chegou o pacote é de um apartamento alugado em nome de uma brasileira.
A polícia encontrou o corpo de Rika dentro de um contêiner alugado, na cidade de Hachioji, subúrbio da capital japonesa, próximo ao apartamento da brasileira. Os investigadores suspeitam que a jovem possa estar envolvida no assassinato. Ela viajou no início do mês para Xangai, na China, usando um passaporte japonês falso, e não retornou mais ao país.
A empresa transportadora disse que o pacote foi enviado de Osaka em nome de Rika. Segundo divulgou a polícia, o depósito onde estava o corpo foi alugado também em nome da japonesa morta e pago com o cartão de crédito dela.
Os investigadores encontraram mais de uma dezena de perfurações no corpo da vítima, possivelmente feitas com faca, mas não identificou ferimentos defensivos nos braços.
A polícia aguarda o laudo técnico, mas suspeita-se que o corpo da enfermeira tenha ficado quase um mês na casa da brasileira, até ser transportado para o contêiner. Por isso, os investigadores não descartam o envolvimento de terceiros no caso, já que a jovem não teria como ter carregado o corpo de Rika até o depósito alugado, que fica a cerca de 500 metros do apartamento.
Amigas de infância
A brasileira e a enfermeira Rika eram amigas de escola. Em fevereiro, haviam se encontrado depois de 10 anos.
Segundo o pai da suspeita, entrevistado pelo jornal “Yomiuri”, eles não conversavam com a filha há mais de três anos. “O que aconteceu? Gostaria de perguntar isso a ela”, disse ao periódico.
A brasileira foi morar no Japão com a família quando tinha 7 anos de idade. Entrou em uma escola japonesa, onde conheceu Rika.
Há cerca de três anos, a brasileira se mudou para o subúrbio da capital japonesa, onde dividia apartamento com uma ex-universitária chinesa.
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