Depois de serem despejados e resistir, indígenas são atacados por fazendeiros em MS

Após o terceiro ataque, indígenas enviaram 40 lideranças a Brasília “Todos nós vamos resistir até a morte, decidimos morrer todos juntos e não iremos sair despejados de nossa terra antiga”

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Após o terceiro ataque, indígenas enviaram 40 lideranças a Brasília “Todos nós vamos resistir até a morte, decidimos morrer todos juntos e não iremos sair despejados de nossa terra antiga”

Indígenas guaranis-kaiowás da Comunidade Tekoha Kurusu Amba, situada em Coronel Sapucaia, a 380 quilômetros da Capital, tiveram os barracos incendiados por fazendeiros neste domingo (12). Ordem da Justiça na segunda-feira (6) dá 20 dias para os indígenas se retirarem do local. Eles resistiram e de lá para cá eles sofreram ataques de fazendeiros da região.

Eliseu Lopes, liderança dos indígenas, garante que dois ataques já haviam acontecido antes: um tiro para o alto e um ataque aos barracos. “Não vamos sair, a terra é nossa por direito”, frisa. Os indígenas prometem permanecer. Após o terceiro ataque, 40 lideranças indígenas viajaram neste domingo para Brasília para tentar expor a situação à Presidência.

O caso

Depois da ordem da Justiça na segunda-feira (6), a Comunidade Tekoha Kurusu Amba anunciou na quarta-feira (8), na página oficial do Conselho Aty Guasu, no Facebook, que os indígenas não vão abandonar a área, retomada há 10 anos. De acordo com a carta divulgada pelo grupo, a decisão foi acordada entre indígenas de 250 comunidades.

“Nós decidimos recuperar um pedaço de nossa terra antiga e aqui estamos sobrevivendo e resistindo há 10 anos, e todos nós vamos resistir até a morte, decidimos morrer todos juntos e não iremos sair despejados de nossa terra antiga. Essa é a nossa decisão”, garantem.

Segundo o coordenador regional do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Flávio Vicente Machado, cerca de 20 mil indígenas vivem nas regiões de fronteira. Ele explica que para esses povos, as condições são mais precárias se comparadas a outras comunidades.

“Nos últimos 4 anos houve um agravamento humanitário entre esses indígenas. Eles vivem na beira das rodovias, são expostos a situação de miséria e violência. Existe uma série de situações que os obrigam a tomar essa decisão”, justificou.

Machado denuncia ainda que os povos tiveram os barracos queimados e foram feridos por funcionários de fazendeiros da região. “É um povo submetido à crise e trauma social. Registramos um assassinato a cada 12 dias e um suicídio a cada 7”, destacou.

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