Mulher diz que com medo da prisão, o marido chegou a se ajoelhar e pedir que ela o matasse com uma chave de fenda. “Falei que não ia fazer justiça com as próprias mãos”

O funcionário de um frigorífico de 31 anos, preso na madrugada do domingo (1º), suspeito de estuprar a enteada, uma menina de 5 anos, tentou impedir que a mãe, de 23 anos, chamasse a polícia. Muito abalada com a situação, a mãe contou que ao flagrar o abuso sexual, o homem tentou segurá-la.

“Na hora que eu falei que ia ligar para polícia, ele pulou em cima de mim e tomou o celular da minha mão. Falou: não liga para polícia. Comecei a dar chutes. Ele falava: Me mata, se eu for preso vão me matar”, relembra a mãe.  A jovem diz que com medo da prisão, o marido chegou a se ajoelhar e pedir que ela o matasse com uma chave de fenda. “Falei que não ia fazer justiça com as próprias mãos. Espero que ele fique preso”, diz.

Segundo a mãe da criança, ela e o suspeito namoraram por dois anos e estavam morando juntos há três meses. Eles tinham planos de oficializar a união e diz que o suspeito sempre foi uma pessoa tranquila. Ela afirma que o então marido tratava bem a filha dela e nunca teve nenhuma atitude suspeita. “Ele falava que se o pai dela não cuidava, ele cuidaria. Ele tem uma sobrinha da mesma idade e sempre tratou as duas da mesma forma”, diz.

O homem estava em liberdade condicional, pois cumpre pena por tráfico de drogas. A mãe diz que sabia da condição dele, mas tentou dar um voto de confiança. “Fiquei com um pé atrás e confiei desconfiando. Ele me contou tudo e a família dele também. Acabei dando uma segunda chance”, conta.

Crime

Com lágrima a relembrar a situação, a jovem conta que foi dormi e ouviu um barulho na sala. Ela ouviu um barulho e quando foi ver na sala, surpreendeu o marido com as roupas íntimas e a filha também com as roupinhas abaixadas. Ela chegou a agredir o homem e começou a gritar por socorro. “Eu falava que se alguém mexesse com a minha filha eu matava. Se eu pudesse voltar atrás…”, lamenta a mãe.

A conselheira Cassandra Szuberski, do Conselho Tutelar Sul de Campo Grande, explica que em 98% dos casos, os abusadores, são pessoas do conhecimento da família, amigos, parentes e não têm uma ‘cara’. “O abusador não tem rosto, pode ser o vizinho, o padre, o pastor. Não tem classe social e uma característica para se prevenir”, diz.

Segundo a conselheira, também é preciso que os pais fiquem atentos aos abusadores rotineiros. “Esse abusador não quer ser pego. Conquista a confiança da criança com brindes como balas, brinquedos, dinheiro, quando já é uma criança mais velha para que elas fiquem em segredo”.

Para evitar casos como o que aconteceu no domingo, Cassandra diz que o conselho principal aos pais e conversar e orientar os filhos. “É orientar falando: só a mamãe pode mexer aqui, só os pais podem dar banho e orientar os filhos a contar para os pais se outra pessoa mexer, machucar, mesmo que seja na escola, na aula de judô, balé”, diz. “Também evitar deixar os filhos com pessoas que não confiam”, finaliza a conselheira.