A presidente Cristina Kirchner abriu na manhã deste sábado, primeiro de março, as sessões ordinárias do Congresso Argentino. Militantes kirchneristas apoiaram a presidente do lado de fora do Congresso. Durante seu discurso, transmitido em cadeia nacional, destacou os avanços de seu governo e disse que não havia justificativa para o aumento de preços e citou o Brasil como “o mais protecionista do mundo, segundo OMC”. A declaração foi feita um dia depois do encontro entre os ministros Mantega e Kicillof em São Paulo.

‘A Argentina é o país que mais se desendividou no mundo”, afirmou Cristina Kirchner. Segundo ela, a dívida externa argentina corresponde a 10% do PIB. “As corridas cambiárias foram um obstáculo”, disse.

“Sobrevivemos a oito corridas cambiárias por mais de 60 bilhões de dólares”.
 
A presidente também destacou que o país “passou por um crescimento econômico virtuoso”, fato que muitos especialistas, imprensa nacional e internacional, e líderes da oposição disputam.

Com relação a inflação a presidente, Cristina defendeu sua gestão e voltou a dizer que “não há justificativa para o aumento de preços”, apontando novamente o dedo para o setor privado.

“Os monopólios saqueiam os bolsos das pessoas”, disse.

“Que (os empresários) valorizem o enorme esforço que estamos fazendo”, afirmou.

A presidente comemorou ainda o que diz ser uma safra recorde de soja, a criação de 6 milhões postos de trabalho e avanços de sua gestão em setores como o da construção, indústria e turismo.

Cristina se referiu ao Brasil em diversos momentos de seu discurso. Em uma das ocasiões citou um estudo em que apontava o país como entre os mais “protecionistas”, mas disse que “não era uma crítica”.

Setor automotivo
Com relação ao setor automotivo, uma das principais pautas do intercâmbio comercial entre os dois países, disse que a queda de compras brasileiras causou o desaquecimento do setor na Argentina.

“O principal fator que afeta a indústria automotiva é a queda nas exportações e especialmente a queda de demanda do Brasil”. E destacou que a saída para a dependência seria o aquecimento do mercado doméstico.

“É preciso manter um mercado interno vigoroso”, destacou.

Discurso e desafios
Há seis anos, Cristina faz do evento um marco para demonstrar a força do modelo kirchnerista e para dar um briefing dos avanços de sua gestão.

Cristina enfrenta altos índices de inflação, recentemente teve que retroceder em sua política cambiária e desvalorizar o peso frente ao dólar. Soma-se ao conturbado econômico a queda das reservas do Banco Central Argentino.