Crise e clima interno aumentam investimentos no exterior

Ano após ano, os brasileiros estão acumulando investimentos cada vez mais expressivos no exterior. Essa tendência se reflete em números apresentados pelo Banco Central e especialistas acreditam que, entre outros motivos, esse movimento se acelerou desde a crise econômica mundial de 2008 e foi influenciado por problemas internos do Brasil. Recentemente, o Banco Central divulgou […]

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Ano após ano, os brasileiros estão acumulando investimentos cada vez mais expressivos no exterior. Essa tendência se reflete em números apresentados pelo Banco Central e especialistas acreditam que, entre outros motivos, esse movimento se acelerou desde a crise econômica mundial de 2008 e foi influenciado por problemas internos do Brasil.

Recentemente, o Banco Central divulgou a pesquisa Capitais Brasileiros no Exterior. Essa pesquisa faz parte de uma declaração obrigatória para pessoas físicas e jurídicas com ativos no exterior iguais ou superiores a US$ 100 mil. O documento mostrou que o estoque de ativos brasileiros no exterior cresceu 9,99% em 2013 na comparação com 2012, para US$ 391,57 bilhões. Esse número engloba os fundos de investimento e o investimento direto. Apesar de a taxa de crescimento ter mostrado desaceleração (em 2012, o aumento havia sido de 27,01%), a quantia representa mais um recorde, seguindo a tendência que ocorre desde 2001, quando a pesquisa começou a ser divulgada pelo Banco Central.

Na mesma linha, o número de declarantes também aumentou e alcançou novo recorde. Em 2013, o crescimento foi de 15,6%, para 30.573 declarantes, sendo 27.014 pessoas físicas e 3.559 pessoas jurídicas. Em 2012, o avanço havia sido de 21,70%, para 26.456 declarantes, sendo 23.199 pessoas físicas e 3.257 pessoas jurídicas. Na primeira pesquisa, em 2001, o estoque de ativos brasileiros no exterior somava US$ 152,21 bilhões, com 13.404 declarantes.

Os investimentos no exterior em carteira, que englobam ações e títulos de renda fixa, somaram US$ 25,43 bilhões no fim de 2013, segundo a pesquisa do BC, acima dos US$ 22,12 bilhões do ano anterior. Ainda assim, o investimento estrangeiro em carteira no Brasil ainda superou esse montante, com US$ 34,66 bilhões.

Marcelo Karvelis, CCO da Claritas Investimentos, disse ter observado um aumento no interesse dos investidores brasileiros pelo exterior principalmente nos dois últimos anos. Com a moeda brasileira em um nível de apreciação muito forte, a expectativa passou a ser de depreciação do real, explicou. Ele ainda lembrou que a maioria dos investimentos no Brasil tem encontrado dificuldade em superar o rendimento do CDI. “A primeira razão para buscar o exterior é a diversificação do risco”, disse. “Os EUA saíram da crise e o mundo vem apresentando taxas de crescimento mais fortes que o Brasil.”

De fato, alguns grandes fundos de investimento estão dando prioridade à alocação de recursos no exterior. O fundo Verde, da Credit Suisse Hedging-Griffo, revelou em carta sobre o desempenho de julho deste ano ter uma posição líquida comprada em ações fora do Brasil de aproximadamente 19%. Na época, o fundo tinha patrimônio líquido de R$ 3,36 bilhões e a exposição líquida no Brasil estava zerada. Esse fundo é gerido por Luís Stuhlberger, um dos mais respeitados gestores do mercado por conta dos elevados retornos desde o início do fundo, aberto em 1997.

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