A Corregedoria da PM (Polícia Militar) informou que irá reavaliar o laudo do IC (Instituto de Criminalística) que aponta como suicídio a causa da morte de José Guilherme da Silva, 20, morto em 14 de setembro, com um tiro na cabeça, dentro da um carro da corporação em Limeira (151 km de São Paulo).

O jovem estava algemado no momento que recebeu o tiro. É a primeira vez que a polícia paulista admite a possibilidade de que a morte não tenha sido causada por suicídio.

“As investigações sobre o caso, que já eram alvo de um Inquérito Policial Militar, serão agora realizadas pela Corregedoria da PM”, informou o órgão.

A reavaliação do laudo será feita em parceria com a Polícia Técnicao-Científica paulista com a intenção de determinar se há uma outra versão possível para o crime.

“Uma comissão técnica constituída pela Superintendência da Polícia Técnico-Científica reavaliará o laudo realizado pelo Instituto de Criminalística”, completa a instituição, em nota oficial.

Segundo a SSP (Secretaria do Estado de Segurança Pública), tanto o laudo do IC quanto as investigações policiais apontam para a teoria de suicídio.

Nos laudos, houve a comprovação de que o tiro foi disparada a cerca de 50 centímetros da cabeça de José Guilherme e que a bala veio debaixo para cima, situações que corroboram a versão dos policiais.

Por outro lado, não foi encontrado nenhum vestígio de pólvora e chumbo nas mãos de José Guilherme, o que indicaria que não foi ele o autor dos disparos. As armas dos policiais e a suposta arma utilizada pela vítima para se matar ainda são analisadas.

Outro lado

Em nota, a SSP informou que “não tolera desvios de conduta” e que se a nova investigação comprovar o envolvimento de policiais na morte, eles responderão criminal e administrativamente, “podendo até ser expulsos da corporação”.

Segundo o representante do 36º Batalhão da PM de Limeira, major Márcio Silveira, os três agentes envolvidos foram retirados das ruas até o fim do inquérito e seguem fazendo trabalhos burocráticos. “Ainda há um laudo e temos de esperar para poder concluir as investigações e determinar as eventuais punições”, disse.

O delegado seccional de Limeira, José Henrique Ventura, onde está instaurado o inquérito que apura o caso, foi procurado para comentar, mas não foi localizado, nem retornou às ligações, até o fechamento desta matéria.

Mamede Jorge Rime , delegado responsável pelo 3 DP (Distrito Policial), que investiga o caso, informou que não comentaria o caso pelo telefone.

O caso

José Guilherme estava com um amigo em uma moto, quando foi abordado por policiais militares da Força Tática, na Avenida Laranjeiras, em Limeira. Momentos antes, ele tinha roubado uma mercearia. Enquanto a dupla era abordada pela PM, familiares de Silva chegaram ao local e a dupla foi reconhecida por testemunhas, entre elas o próprio comerciante.

Ainda na presença da família, José Guilherme foi revistado pelos policiais, colocado no carro e, mesmo algemado, segundo a versão da polícia, conseguiu sacar uma arma e atirar contra a própria cabeça.

Após perceberem que o suspeito tinha sido baleado, os PMs o levaram ao hospital, onde ele chegou vivo, mas morreu minutos depois. O outro suspeito foi levado à delegacia e preso.