Coronel Malhães é o 2º militar do caso Rubens Paiva assassinado em dois anos

O coronel reformado Paulo Malhães não é o primeiro militar supostamente ligado ao desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva a ser executado. Na noite de 1º novembro de 2012, o coronel da reserva Julio Miguel Molina Dias, de 78 anos, que foi chefe do Departamento de Operações de Informação do Centro de Operações de Defesa Interna […]

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O coronel reformado Paulo Malhães não é o primeiro militar supostamente ligado ao desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva a ser executado. Na noite de 1º novembro de 2012, o coronel da reserva Julio Miguel Molina Dias, de 78 anos, que foi chefe do Departamento de Operações de Informação do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) no Rio, foi assassinado com seis tiros quando chegava de carro a sua casa, no bairro Chácara das Pedras, em Porto Alegre, numa aparente tentativa de roubar um arsenal de armas que o militar colecionava em sua residência.

Durante as investigações sobre o crime, peritos da Polícia Civil encontraram num arquivo pessoal de Molina Dias, gaúcho de São Borja, documentos comprovando aquilo que a ditadura escondera durante quatro décadas: levado por uma equipe do Centro de Inteligência da Aeronáutica (Cisa) em 20 de janeiro de 1971, Rubens Paiva desapareceu numa estabelecimento do Exército. O militar gaúcho havia sido chefe do DOI-Codi carioca até início dos anos de 1980. As anotações estavam em uma folha de ofício já amarelada pelo tempo e havia sido retirada do arquivo que as Forças Armadas negam existir.

No início do ano passado, a Justiça gaúcha condenou dois policiais da Brigada Militar gaúcha pelo crime. Eles teriam planejado o assassinato para roubar 20 armas da coleção que o militar guardava na residência.

Além de ligação com o desaparecimento de Rubens Paiva, da patente das vítimas e da relação com o aparato de extermínio de militantes da esquerda armada, a motivação dos crimes é outro elo entre os dois casos: os três homens que teriam participado do crime também invadiram o sítio de Paulo Malhães em Nova Iguaçu a procura de armas.

Coronel reformado do Exército Paulo Malhães, de 76 anos, foi encontrado morto hoje pela manhã (25) em seu sítio. De acordo com a polícia, três homens invadiram a casa, amarraram a mulher e o caseiro, e procuraram armas. Durante a ação dos criminosos, o militar foi morto. Os homens levaram armas antigas que o militar colecionava e computadores da casa. O delegado Fábio Salvadorete disse que a vítima não foi morta a tiros e sim por asfixia, mas que está aguardando o laudo do Instituto Médico-Legal, que determinará a causa da morte.

Ex-agente do Centro de Informações do Exército, o militar prestou depoimento no dia 25 do mês passado na Comissão Nacional da Verdade, quando admitiu ter torturado, matado e ocultado cadáveres de presos políticos durante a ditadura militar. Em entrevista ao jornal O Dia, antes do depoimento à CNV, Malhães havia admitido ter participado da ação que deu sumiço ao corpo de Paiva. Depois negou.

No depoimento ao jurista José Carlos Dias, da CNV, ele disse não se arrepender de nada e contou como funcionava a Casa da Morte, em Petrópolis, na região serrana, centro clandestino de torturas, onde teriam sido assassinadas 20 pessoas.

O presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous, disse que a morte precisa ser investigada com rigor, porque o coronel reformado foi agente importante da repressão política e detentor de muitas informações sobre a ditadura.

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