Começa nesta quarta-feira a Oficina de Cultura e História Afro-Brasileira no Marco

A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, em parceria com a Fundação Pierre Verger e a Petrobras, realiza de hoje (23) a 26 de abril no Marco (Museu de Arte Contemporânea) a Oficina de Cultura e História Afro-Brasileira. A oficina será realizada paralelamente à mostra “Nos Caminhos Afro”, que conta com fotografias em […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, em parceria com a Fundação Pierre Verger e a Petrobras, realiza de hoje (23) a 26 de abril no Marco (Museu de Arte Contemporânea) a Oficina de Cultura e História Afro-Brasileira.

A oficina será realizada paralelamente à mostra “Nos Caminhos Afro”, que conta com fotografias em preto e branco do fotógrafo, etnólogo, antropólogo e pesquisador francês Pierre Verger. A exposição segue até o dia 1º de junho.

Realizada pelo professor de antropologia visual da Universidade Federal da Bahia, Luis Nicolau Páres, a Oficina de Cultura e História Afro-Brasileira é gratuita. O curso reflete a história da cultura afro-brasileira e a importância da atuação de Verger para sua divulgação no Brasil e no mundo.

Serão quatro dias de aulas, no turno vespertino, com carga horária total de 16 horas. O público alvo da oficina são os professores da Rede Pública de Ensino e demais interessados no tema. Tanto a mostra quanto a oficina na Capital marcam a terceira etapa de um projeto itinerante que percorrerá quatro cidades brasileiras até 30 de novembro de 2014.

Pierre Verger

Com maestria de quem faz da fotografia não apenas um ofício, mas uma expressão artística, Pierre Fatumbi Verger registrou cenas que convergem com o que há de mais genuíno no continente-mãe, com leveza de quem retrata a vida por vocação, enxergando beleza em atos do cotidiano despercebidos ao olhar comum.

As imagens da exposição “Nos Caminhos Afro” revelam singularidades, como Tambor de Mina, no Maranhão, Xangô, em Pernambuco, Candomblé, na Bahia, feiras, mercados e festas populares, um vasto leque sobre o cotidiano do povo negro. Qualidades tão africanas registradas em uma época na qual imperava uma cultura europeia dominante e opressora. A obra em exibição é resultado da vivência pessoal como fotógrafo-viajante, que se tornou antropólogo não assumido.

De notável qualidade plástica, as fotografias narram a proximidade de povos de origem afrodescendente com o continente-matriz, a África. São registros sobre o cotidiano, a cultura e a religiosidade de descendentes de africanos no Brasil e em mais de 20 países, uma viagem no tempo com destino às sutilezas e às peculiaridades do universo interpretado pelo fotógrafo-viajante que realizou longas expedições de 1932 a 1970.

Embora nascido em uma família europeia burguesa, Verger optou por uma vida simples, diferente da sua origem. Longe de casa, dedicou-se integralmente à fotografia, à pesquisa e à religião de matriz africana, realizando ao longo da vida um trabalho fotográfico de grande importância, baseado no cotidiano e na cultura popular de povos dos cinco continentes. Como pesquisador, escreveu diversos livros sobre cultura afro-baiana e a diáspora, voltando seu olhar de pesquisador para o candomblé, foco de interesse da sua obra.

De 1930 até o início da década de 1940, Verger realizou longas viagens ao redor do mundo. Polinésia Francesa, Japão, Camboja, Índia, Portugal, Espanha, Bolívia, Argentina são alguns lugares fotografados por Verger. Em 1946, desembarcou na Bahia pela primeira vez e logo foi seduzido pela hospitalidade e pela riqueza cultural encontrada em Salvador. Em terras baianas, Verger adotou não apenas nova residência, mas um estilo de vida. Conviveu com trabalhadores do porto, lavadeiras, capoeiristas e artistas como Carybé, Mário Cravo e o escritor Jorge Amado.

Em 1953, Verger viveu na África o “renascimento” a partir de uma iniciação religiosa, recebendo o nome de Fatumbi. Significa “nascido de novo graças ao Ifá”. A intimidade com a religião de matriz africana, experiência iniciada na Bahia, facilitou o contato com sacerdotes e autoridades na Bahia e na África. Como um mensageiro, Verger levava e trazia informações, mensagens, objetos, criando uma rota de pesquisa que ligava a origem ancestral à cultura e aos cultos praticados no Brasil. Foi iniciado como babalaô – um adivinho através do jogo do Ifá, com acesso à tradição oral iorubá.

Dos anos 1960 até sua morte em 1996, morou em uma casa simples, de cama estreita e poucos móveis, onde atualmente funciona a Fundação Pierre Verger. Escolheu um bairro popular, desenhado por vielas e saliente ladeira. No total, a obra de Verger abrange mais de 60 mil fotografias e inúmeros livros, acervo disponível para visitação na Fundação Pierre Verger.

Serviço

As inscrições serão realizadas no site oficial da Fundação Pierre Verger: www.pierreverger.org . As vagas são limitadas. As aulas acontecem a partir de hoje (23) a 26 de abril, das 13 às 17 horas (de quarta a sexta-feira) e das 8 às 12 horas (sábado).

O Marco (Museu de Arte Contemporânea) fica na rua Antonio Maria Coelho, 6000, no Parque das Nações Indígenas. Outras informações podem ser obtidas no museu pelo telefone (67) 3326-7449.

Conteúdos relacionados