Com ‘síndrome de Vídeo Show’, Fantástico perde para Record e SBT
Era uma vez um programa semanal que bombava no Ibope. Durante 40 anos, poucas vezes esse programa teve sua liderança ameaçada. A última grande crise aconteceu em 2001, quando o SBT surpreendeu com uma Casa dos Artistas. A ameaça passou, mas audiência continuou caindo, caindo, caindo. Dos mais de 30 pontos de dez anos atrás, […]
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Era uma vez um programa semanal que bombava no Ibope. Durante 40 anos, poucas vezes esse programa teve sua liderança ameaçada. A última grande crise aconteceu em 2001, quando o SBT surpreendeu com uma Casa dos Artistas. A ameaça passou, mas audiência continuou caindo, caindo, caindo. Dos mais de 30 pontos de dez anos atrás, caiu para 14,4 pontos há duas semanas, no Domingo de Páscoa.
Como resolver o problema desse programa? Com um cenário novo, uma redação-cenário, uns bonequinhos, umas caretinhas que aparecem no vídeo, muita tecnologia, uns bastidores. Enfim, muita forma, pouco conteúdo.
E não é que deu tudo errado? Neste domingo (4), o Fantástico viveu momentos de alta tensão no Ibope. Perdeu durante um bom tempo para o Domingo Espetacular, da Record, e outro tanto para o Programa Silvio Santos, do SBT. Foram 19 minutos ininterruptos atrás do Domingo Espetacular. Chegou a ficar quatro pontos atrás da Record (16,0 a 12,1) às 22h06.
Por muito pouco não ficou em terceiro. Às 22h12, marcou 12,6, contra 12,5 do SBT. Ufa, foi por um décimo.
O Fantástico, no entanto, foi líder na média de toda a sua exibição. Segundo dados preliminares, fechou a edição deste domingo, a segunda com novo cenário, com média de 14,0 pontos, contra 12,4 da Record e 11,2 do SBT. A confirmar esses números, terá batido novo recorde negativo. Isso sem que o SBT e a Record tenham oferecido ao público algo de impacto, diferente ou novo. Era tudo mais do mesmo.
Na Globo, já tem gente com saudades do antigo Fantástico. Fala-se nos bastidores que a revista semanal de variedades está sofrendo da “Síndrome de Vídeo Show”. Essa “síndrome” se explica mais ou menos assim: você tem um programa já tradicional; ele ainda é líder, mas já não é mais líder como antes; então, você muda esse programa, faz um novo cenário, inventa novos quadros; o resultado: você perde a liderança e tem que voltar atrás.
Dificilmente o Fantástico vai voltar atrás. Do novo cenário a Globo não abre mão, mesmo que as pesquisas mostrem que os telespectadores não reconhecem mais o Fantástico. Aos poucos, contudo, algumas “novidades” tendem a desaparecer. As imagens de bastidores, em que jornalistas ensaiam uma discussão sobre determinada apuração, já sumiram neste domingo. As reuniões de pauta persistem, mas foram só três, mesmo como a participação de Glória Pires.
Avalia-se na Globo que essas reuniões confundem o público e não parecem convincentes. Não parecem mesmo. Neste domingo, Gloria Pires sugeriu uma reportagem sobre ciência. “Tipo bichinho que ninguém nunca viu?”, falou Tadeu Schmidt, tirando da cartola um novo quadro, Reinos Secretos.
Sintomaticamente, o Fantástico recuperou a liderança perdida para a Record com um quadro do médico Drauzio Varella, sobre câncer. Ou seja, o público quer o velho. E menos chato, de preferência.
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