Com flores amarelas, milhares de fãs se despedem de García Márquez

Com lágrimas e flores amarelas, milhares de leitores do colombiano Gabriel García Márquez compareceram na noite de segunda-feira ao Palácio de Belas Artes, na Cidade do México, para a última despedida ao escritor, que teve suas cinzas depositadas no local. García Márquez, Prêmio Nobel de Literatura em 1982 e uma das maiores figuras latino-americanas das […]

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Com lágrimas e flores amarelas, milhares de leitores do colombiano Gabriel García Márquez compareceram na noite de segunda-feira ao Palácio de Belas Artes, na Cidade do México, para a última despedida ao escritor, que teve suas cinzas depositadas no local.

García Márquez, Prêmio Nobel de Literatura em 1982 e uma das maiores figuras latino-americanas das letras, morreu na quinta-feira na capital mexicana, aos 87 anos, pouco mais de uma semana depois de deixar o hospital com um quadro de pneumonia e infecção das vias urinárias.

“Venho porque sempre quis lhe dizer como era importante, e por vergonha e por vê-lo tão grande nunca lhe fiz saber, nem sequer por carta”, disse, com lágrimas nos olhos, a bióloga Monserrat Paredes, de 27 anos, que estava na enorme fila formada em frente ao edifício.

Como Paredes, muitos levavam flores amarelas, as favoritas do escritor, e outros portavam exemplares de seus livros ou cartazes com frases como “Gabo vive”.

“Foi uma grande inspiração. Não somos cem, somos milhares a quem ele nos deixou seu ensinamento… Ele já era uma lenda, e assim temos de lembrá-lo”, afirmou a estudante Yoali Benavides, de 18 anos.

O Palácio de Belas Artes foi cercado por cordão de isolamento policial, e uma enorme foto do escritor sorridente, em preto e branco, foi colocada perto da entrada. O mesmo palácio já recebeu os velórios da pintora Frida Kahlo, em 1954, e do escritor Carlos Fuentes, em 2012.

No lado de dentro, junto às cinzas, enormes ramos de rosas e outras flores amarelas contrastavam com a solenidade da vigília em que se revezavam familiares, intelectuais e amigos.

“Partiu um grande, um homem verdadeiramente grande, mas fica conosco a sua obra”, disse o presidente do México, Enrique Peña Nieto, que compareceu ao ato ao lado do seu colega colombiano, Juan Manuel Santos.

Santos, que foi ao México especialmente para a cerimônia, disse que García Márquez foi “mais do que colombiano, incorporou nas suas obras a própria essência do ser latino-americano e, muito especialmente, do ser Caribe”.

Ao final dos discursos, alguns participantes lançaram borboletas de papel, também amarelas, como aquelas que perseguiam o personagem Mauricio Babilonia no romance mais famoso de García Márquez, “Cem Anos de Solidão”.

A família do escritor ainda não decidiu se as cinzas serão mantidas no México ou transferidas para a Colômbia, segundo Rafael Tovar, diretor do Conselho Nacional para a Cultura e as Artes do México.

O prefeito de Aracataca – cidade natal e fonte de inspiração do escritor- pediu na semana passada que as cinzas sejam guardadas lá.

García Márquez apareceu em público pela última vez em 6 de março, dia do seu aniversário, quando saiu para cumprimentar admiradores em frente à sua casa. Vestia paletó cinza, com uma rosa amarela na lapela.

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