Ele já foi para 16 países e não gastou nenhum dinheiro para isso. Há quase 15 anos rodando o mundo de bicicleta, Vinícius da Silva, 28 anos, conta que tem fé nas pessoas e que vive da solidariedade delas. Até os assaltos que sofreu não lhe fizeram perder a crença nas pessoas.

O ‘viajante selvagem’, como se apelidou, revela que tem suas estratégias para conseguir hospedagem e alimentos, mas o grande negócio é acreditar nas pessoas. “Cada cidade que passo tem pessoas diferentes. Em alguns lugares encontro pessoas boas demais, como aqui em Campo Grande, onde conheci um novo amigo que me hospedou em sua casa. Mas, isso é raro e não me faz perder a fé”, diz.

Ele conta que já foi assaltado 23 vezes, que levaram tudo, de bicicleta a computador. Mas, mesmo assim continua acreditando que o mundo é bom e segue firme com seu propósito de conhecer cada vez mais países pedalando.

Uma das estratégias para ter onde ficar é procurar as autoridades locais. Sempre que chega a uma nova cidade procura o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar, o Exército, a prefeitura e a imprensa, que é o caminho para divulgar seu projeto de vida, e também conseguir ajuda.

Aqui em Campo Grande ele conta que o povo é muito acolhedor e que logo se virou, mas muitas vezes precisa apelar para a barraca que carrega na bicicleta. “Às vezes monto a barraca e fico em postos de gasolina mesmo, depende da acolhida de cada lugar”.

E assim, com fé ele já foi até o fim do mundo revela. “Quando comecei a pedalar eu dizia que queria conhecer o mundo inteiro, ir até o fim do mundo e já fui”, diz se referindo a viagem para a Patagônia.

Hoje, ele espera conhecer cada vez mais países e atingir a incrível marca de 1 milhão de  quilômetros rodados. Segundo ele, pelos seus cálculos, já percorreu uns 90 mil. Ao brincar que ele terá de apertar mais o pedal ou chegará a 1 milhão só quando tiver 90 anos, ri, e diz que se for preciso pedalará até a velhice para atingir seu sonho.

Da tragédia nasceu um sonho

Vinícius conta que começou a pedalar depois de ter perdido toda a família adotiva em um naufrágio no Rio Amazonas em 1999. Ele lembra que foi encontrado pela família ainda bebê, que o adotou e lhe deu tudo, até que no trágico acidente entre Manaus e Parintins todos se foram.

Segundo ele, quase todos morreram no acidente, ele foi um dos poucos que conseguiram se salvar nadando até a costa do rio. Foi ajudado por um dos sobreviventes que lhe deu uma bicicleta e dali começou o desejo de conhecer o mundo.

“Decidi que eu iria aprender a andar de bicicleta e conheceria o mundo inteiro assim, pedalando. Levei muito tombo até aprender, mas não desisti”, diz, mostrando que acima de tudo é preciso perseverança, mesmo que tudo esteja contra você.

Solidariedade

Quem quiser ajudar o viajante selvagem nessa empreitada maluca de rodar o mundo, ele conta que aceita doações e vai pedalando buscar a ajuda. Para contatá-lo ligue para 9302-3135, e fale com Claudinei seu anfitrião em Campo Grande.