Os moradores da Faixa de Gaza amanheceram nesta quarta-feira com uma mistura de alívio, incredulidade e certo medo após 50 dias de contínuos bombardeios, desde que entrou em vigor ontem à noite o cessar-fogo permanente estipulado por Israel e as milícias palestinas.

Muitos deles se deslocaram hoje para os locais mais devastados para avaliar a situação depois de quase dois meses de ataques.

Com mais de 7 mil edifícios e imóveis completamente destruídos, e outros milhares com danos estruturais que os tornam inabitáveis, a reconstrução do território palestino é agora o trabalho mais urgente, como destacou na terça-feira o presidente palestino, Mahmoud Abbas.

Abbas afirmou que o grau de destruição na Faixa de Gaza em apenas 50 dias é “inimaginável”, e pediu que a ONU priorizasse o envio de ajuda humanitária.

Moussa Abu Marzuq, líder da delegação do Hamas que participou das negociações no Cairo, a capital egípcia, revelou ontem à noite que a reconstrução e seu financiamento serão discutidos em uma conferência no Egito no mês que vem e que ficarão sob responsabilidade direta do governo transitório de reconciliação nacional.

Voluntários internacionais coincidiram hoje em apontar que será um trabalho árduo, custoso e longo, já que muitos dos mais de 450 mil deslocados internos não podem voltar para suas casas porque estas estão destruídas.

“Não será possível reconstruir muitas das casas e milhares levarão mais de um ano para que possam ser habitadas novamente. As tubulações de água e saneamento estão em péssimo estado e a rede elétrica também”, explicou para a Agência Efe um membro da ONU.

“Além disso, temos que esperar para ver se o cessar-fogo será consolidado e se as negociações vão avançar para o alívio definitivo do bloqueio, que é o verdadeiro problema”, explicou, por sua vez, um voluntário espanhol.

Ainda não foram divulgados os números oficiais, mas as autoridades palestinas estimam que os prejuízos nos 50 dias de guerra superam os US$ 5 bilhões, enquanto os voluntários dizem que o custo da reconstrução será ainda maior, já que a situação de pobreza no território palestino era muito grande antes do conflito.

Segundo o acordo assinado na terça-feira na capital do Egito, as duas partes voltarão à mesa de negociação no final de setembro para discutir outras medidas de alívio, como a construção do porto e do aeroporto da Faixa de Gaza.