#CGR115: em ponto considerado marginalizado da cidade, Cine Santa Helena foi marco na Capital

Para Celso Higa, engenheiro eletricista e economista por formação, as salas de cinema de Campo Grande (MS) são boas memórias. Lembranças de uma ‘infância bem-vivida’, como enfatiza o apaixonado por cinema de 60 anos. Higa rememora com saudade o tempo no qual frequentava os cinemas Alhambra, Rialto e Santa Helena. Os três pertenciam à Rede Peduti […]

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Para Celso Higa, engenheiro eletricista e economista por formação, as salas de cinema de Campo Grande (MS) são boas memórias. Lembranças de uma ‘infância bem-vivida’, como enfatiza o apaixonado por cinema de 60 anos.

Higa rememora com saudade o tempo no qual frequentava os cinemas Alhambra, Rialto e Santa Helena. Os três pertenciam à Rede Peduti e foram instalados na Capital a partir de 1929.

O Santa Helena, o primeiro deles, funcionava como cineteatro na Rua Dom Aquino. De acordo com o livro Salas de Sonhos, da jornalista Marinete Pinheiro, a inauguração foi considerada um marco na cultura cinematográfica da Capital. A região era malvista na época e a vinda do cinema incentivou a população a frequentar a área considerada marginalizada.

Segundo Higa, pelo que se lembra, o Santa Helena era o mais popular dos cinemas da época e contemplava a colônia japonesa de Campo Grande (MS). “Foi por intermédio do senhor Fukuji Tomiyoshi, já falecido, que pudemos assistir aos filmes japoneses da cidade”.

De acordo com Higa, Tomiyoshi trazia de São Paulo os filmes. “Ele escolhia os celulóides e, após um acerto com a rede Peduti, tínhamos sessões todas as sextas-feiras, às 20 horas. O lugar ficava cheio de orientais e seus descendentes. Quantos filmes de samurais assisti”, relembra.

Este cinema tinha 1,3 mil lugares e, com a reforma, equipamentos da Europa foram instalados. O filme “Deve ser Amor” (1920) foi o primeiro estrangeiro exibido com a tecnologia, segundo Marinete Pinheiro.

No caso de Higa, a paixão pela sétima arte fez com que ele reunisse recortes de sinopses de filmes e astros de Hollywood. “Cheguei a fazer pesquisas sobre esses cinemas. Tinha mania de guardar essas coisas”, conta.

Segundo Higa, desde os 7 anos é fã de cinemas. Ao se lembrar do Santa Helena, recordou-se de um filme de terror, feito pelo estúdio inglês Hammer Film Productions. “Iniciava suas produções institucionais com um homem musculoso batendo com um martelo um imenso gongo”, lembra.

Até o encarte do filme o fanático por cinema guardou. “A produtora foi especialista nesse entretenimento com personagens como Drácula, Frankenstein, lobisomens e múmias

Hoje em dia, o Santa Helena é ‘memória’ na vida de pessoas que, como Higa, frequentavam as salas históricas de Campo Grande. Atualmente, o espaço destinado pela sétima arte abriga um estacionamento, localizado onde hoje existe a loja Marisa, na Rua Dom Aquino.

#CGR115: aniversário de Campo Grande

Em comemoração do aniversário dos 115 anos de Campo Grande, o Midiamax realizou uma série de reportagens sobre pontos e características da cidade morena. Ao longo da semana serão publicadas reportagens especiais sobre os cinemas da Capital.

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