O Teatro Aracy Balabanian, no Centro Cultural José Octávio Guizzo, estreia neste fim de semana o espetáculo “O Bote da Loba”, contemplado pelo Prêmio Rubens Correa de Teatro da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. A peça será encenada no sábado e domingo (22 e 23), às 20 horas e celebra os dez anos do Marcado Cênico.

Em cena estão as atrizes Patrycia Andrade e Aline Calixto, dirigidas por Vitor Samudio. A peça traz duas personagens: Veriska, uma maga ou cartomante e Laura, casada. Laura sente-se insatisfeita com a vida, já procurou ajuda em vários médicos e em tantos lugares, porém, sem nunca encontrar a solução para o seu problema. Assim, decide procurar a maga Veriska para desabafar todas as suas angústias com o intuito de ser “curada”. A maga esclarece que o problema está na falta de sexo.

O texto coloca em questão a angústia de muitas mulheres que não sabem lidar com sua própria sexualidade e, por extensão, a sua sexualidade relacionada aos seus parceiros. Por muitos anos a mulher foi e ainda é instruída a ser submissa, cumprindo o papel de dona do lar: mãe e esposa. Nas atribuições da casada ainda estava a função de ser “mulher na cama”.

Todavia essa condição acabou se tornando uma obrigação e muitas mulheres desconheciam o prazer sexual, o carinho, o afeto durante uma relação sexual. Eis que algo diferente, até então, para Laura acontece. Veriska, uma mulher dona de si, propõe como primeiro tratamento livrar-se de suas couraças e experimentar o que seria o inicio de sua libertação.

Espetáculo inédito de Plínio Marcos, a peça “O Bote da Loba” foi escrita em 1997 pelo dramaturgo pouco antes de sua morte. A dramaturgia parece estar inacabada e o próprio autor chega a mencionar essa possibilidade. O texto nunca foi publicado e, até então, nunca montado.

Em um momento de sua vida Plínio Marcos inicia leituras exotéricas e de tarô e, então, incursiona sua dramaturgia para uma vertente mística, de cunho idealista filosófico, de autoconhecimento do ser humano – religiosidade subversiva, fase que foi denominada “mística”. Além disso, o autor fazia atendimentos com leituras de tarô. A procura era, geralmente, por mulheres casadas insatisfeitas com o casamento.

O dramaturgo foi considerado pela crítica como “escritor maldito” e por ele mesmo como “repórter de um tempo mau”, uma vez que a maioria de suas obras retratava a realidade do País de forma “nua e crua”, as mazelas da sociedade e, por isso, muitas delas foram proibidas pela censura.

Foi palhaço de circo, jogador de futebol, funileiro, radialista, camelô, até chegar ao cenário da dramaturgia nacional como autor renomado. Além de exercer diversas profissões, conviveu com os mais variados tipos de pessoas, possibilitando-lhe, assim, experiências capazes de render características para traçar os perfis das personagens que fizeram parte de seus textos.

Suas obras foram reconhecidas pela linguagem simples e direta e pelos personagens subalternos. Assim, sua poética diferenciava das produções que fazem parte do compêndio do teatro nacional, uma vez que Plínio Marcos procurava retratar a temática da marginalidade no cotidiano.

Mercado Cênico

Núcleo de teatro sediado em Campo Grande, o grupo trabalha com a pesquisa, produção e difusão teatral com veia contemporânea dialogando com a realidade humana desde 2004. Foi fundado pelo diretor Vitor Hugo Samudio e pela atriz Patrycia Andrade buscando um trabalho independente.

Começou com projetos literários, vinculados ao Sesc, e, desde então, não parou de crescer dentro do cenário da região Centro-Oeste do País, alcançando também extensão nacional, tendo projetos com várias instituições como a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Fundac, Fundação de Cultura e também já recebeu prêmios nacionais da Funarte, Petrobras e Ministério da Cultura, como o prêmio Myriam Muniz de Teatro 2008.

Desde o final de 2010 atua também como Ponto de Cultura (programa Mais Cultura do Minc), levando formação cultural e política para a periferia de Campo Grande, trabalhando a arte como manifestação social e política.

Prêmio Rubens Corrêa de Teatro

Criado em 2012 pela Fundação de CUltura de Mato Grosso do Sul, o projeto financia a produção e a montagem de espetáculos, performances cênicas e intervenções inéditas com o objetivo de valorizar ainda mais a arte teatral do Estado.

Serviço

A classificação da peça “O Bote da Loba” é de 18 anos e a duração aproximada é de 50 minutos Os ingressos serão vendidos com uma hora de antecedência no dia da apresentação a R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia).

A meia-entrada é válida para crianças até 12 anos, estudantes, professores, doadores de sangue e idosos (acima de 60 anos), com a apresentação de seu respectivo comprovante.

O Centro Cultural José Octávio Guizzo fica localizado na rua 26 de Agosto, 453, entre as Ruas Calógeras e a 14 de Julho. Outras informações podem ser obtidas pelos telefones 9854-1010, 3317-1795 ou no site www.mercadocenico.com .