Carandiru: advogado de PMs diz que não é possível individualizar crimes
O advogado Celso Vendramini, que defende os 15 policiais do Comando de Operações Especiais (COE), acusados pela morte de detentos que ocupavam o quarto pavimento (terceiro andar) do Pavilhão 9 da antiga Casa de Detenção do Carandiru, defendeu hoje (1º) a absolvição de seus clientes. Para Vendramini, não há condições de condená-los pelas mortes, já […]
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O advogado Celso Vendramini, que defende os 15 policiais do Comando de Operações Especiais (COE), acusados pela morte de detentos que ocupavam o quarto pavimento (terceiro andar) do Pavilhão 9 da antiga Casa de Detenção do Carandiru, defendeu hoje (1º) a absolvição de seus clientes. Para Vendramini, não há condições de condená-los pelas mortes, já que não é possível individualizar as condutas, dizendo qual policial foi responsável por qual morte.
Os policiais foram denunciados pelos promotores Márcio Friggi de Carvalho e Eduardo Olavo Canto Neto e estão sendo julgados pela morte de oito detentos e pela tentativa de homicídio de outros dois. No entanto, o promotor pediu hoje, durante o seu debate, que os sete jurados absolvam os policiais pela morte de quatro dos oito detentos, que foram mortos por armas brancas, e também pelas tentativas de homicídios.
“Não há como condená-los se não se consegue comprovar as autorias [dos crimes]. Será que aquele policial que deu três tiros matou quatro vítimas? Como condená-lo por quatro homicídios? Se ele deu três disparos, como ele acertou quatro pessoas?”, disse o advogado, acrescentando: “Eles [promotores] pediram a absolvição por quatro homicídios [por armas brancas] porque não há como comprovar sua autoria”, falou.
Vendramini reconheceu que houve excessos na operação policial para conter uma rebelião no Pavilhão 9 do Carandiru, em outubro de 1992, mas disse que não se pode culpar os policiais pelas mortes dos detentos, primeiro porque não é possível confirmar qual policial foi responsável pelas mortes e, segundo, porque os policiais teriam agido em confronto, revidando aos ataques dos detentos.
O advogado atribuiu as condenações de policiais nos três julgamentos anteriores sobre o massacre ao fato de que “querem pegar e desmoralizar as três tropas de elite da Polícia Militar de São Paulo [PM-SP]. Querem mostrar para a sociedade que as três tropas de elite da PM não prestam”.
Em um tom mais ameno que no último julgamento, quando chegou a dizer que “é melhor um bandido morto que um policial ferido”, o advogado dirigiu seu foco à imprensa. “Se eles [policiais] saírem absolvidos, não haverá manchete de jornal amanhã (2). Se eles forem condenados, estará em todos os jornais”, disse ele.
Após o debate do advogado Vendramini, que durou duas horas e 20 minutos, o juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo encerrou os trabalhos de hoje, com previsão de retorno às 9h de amanhã com a fase de réplicas e tréplicas e posterior reunião do Conselho de Sentença para decidir se os réus serão ou não condenados pelos crimes.
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