Candidato comunista à Presidência propõe extinção da PM
Em passagem por Cuiabá (MT) nesta sexta-feira, o historiador Mauro Iasi, candidato a presidente da República pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), defendeu a extinção da Polícia Militar, que, na opinião dele, “produz um genocídio, principalmente de pretos e pobres no País”. Na capital matogrossense fazendo campanha eleitoral, Iasi rechaçou o modelo da corporação e afirmou […]
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Em passagem por Cuiabá (MT) nesta sexta-feira, o historiador Mauro Iasi, candidato a presidente da República pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), defendeu a extinção da Polícia Militar, que, na opinião dele, “produz um genocídio, principalmente de pretos e pobres no País”.
Na capital matogrossense fazendo campanha eleitoral, Iasi rechaçou o modelo da corporação e afirmou que o alto índice de homicídios e a criminalização das manifestações populares são exemplos de consequências de um sistema militar fora de controle.
“A Polícia Militar perdeu o controle da situação e 70% dos próprios integrantes da PM querem a desmilitarização da corporação. Mas nós vamos mais além e queremos é a extinção”, afirmou Iasi, que é professor de Sociologia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo ele, a origem da PM é a guarda nacional, criada para reprimir escravos foragidos. “No período da ditadura, teve novamente um papel no combate aos chamados subversivos e agora, nas manifestações populares, tem agido de modo desproporcional”, explicou.
A violenta e discriminatória abordagem da PM, na opinião dele, é outro indicador de que “não dá mais”. O candidato contou um caso para ilustrar esse problema. “Um professor universitário conhecido meu, negro, estava pintando a própria casa, em um bairro de classe alta, e por isso vestia uma roupa suja, por causa do trabalho que estava fazendo. Parou para descansar na varanda, quando um carro da PM passou e viu a cena. O professor foi preso, levado para a delegacia, porque não acreditaram nele quando disse que morava ali.”
O historiador admite que dentro da corporação possam ter profissionais que atuam com responsabilidade. “Mas mesmo em cima desses, a corporação exerce uma pressão muito perversa e eles são obrigados a se adequar ou acabam doentes ou expulsos.”
Para reencaminhar os quadros de concursados da corporação, o professor entende que deveriam migrar para a Polícia Civil. Embora o policiamento militar seja uma atribuição dos Estados, Iasi acredita que o governo federal tem a responsabilidade de sugerir aos governadores que tomem essa atitude.
O formato da PM, para o candidato, se sustenta em um tripé falido: endurecimento das penas, repressão e encarceramento. “Esta é uma escolha errada, segurança não se garante dessa forma. Se você entrar nas favelas, vai sentir que a população não quer mais esse tipo de policiamento.”
Uma parte da população brasileira, no entanto, pede mais policiamento. “É uma visão conservadora e preocupante, porque é possível compreender como a PM age, mas jamais justificar e manter.”
A extinção da PM é uma das propostas que o candidato tem levado às cidades. O programa dele segue cinco eixos: desmercantilização da vida e a estatização de serviços básicos, incluindo moradia; reversão das privatizações, baseando-se nas irregularidades dos processos de venda; criação de condições políticas para efetivar mudanças reais, através da democracia real e do exercício direto do poder popular; ampliação da garantia de direitos, principalmente dos mais ofendidos, como negros, mulheres, homossexuais, trabalhadores escravizados e outros segmentos desfavorecidos; e observar a dimensão internacional do Brasil e suas relações exteriores no contexto mundial.
Mauro Iasi fará palestra na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) nesta sexta-feira, às 19h, sobre as últimas mobilizações sociais no Brasil. “Uma bomba relógio que explodiu em 2013”, diz ele. “O transporte foi só o nervo mais exposto”, considerou, se referindo ao movimento “não é pelos 20 centavos”.
Sobre os manifestantes mascarados, disse que “ainda que a gente discorde da prática black blocs, não defendemos a criminalização deles, porque tememos que eles sejam na verdade uma janela para criminalizar os movimentos sociais como um todo”.
O candidato afirma que não se incomoda com o baixo índice de intenção de votos que tem e acredita que possa aproveitar esse período eleitoral para propor o debate sobre “temas ausentes”.
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