O calote dado pela Agência Ar, localizada na cidade de Bonito, distante 265 quilômetros de Campo Grande, não se limitou a atingir turistas, funcionários e fornecedores. De acordo com o titular da Delegacia de Bonito, Roberto Gurgel de Oliveira, até a prefeitura foi lesada e o cálculo total do rombo já chega a R$ 860 mil.

A agência, uma das mais conhecidas da cidade, fechou as portas no dia 8 de janeiro, sem avisar previamente funcionários e clientes. Deste então, uma séria de ocorrências foi registrada na polícia Civil contra Alexandre Alex Rodrigues Furtado, responsável por conduzir a empresa, embora esta estivesse em nome de sua ex-mulher.

Conforme o delegado, o caso ainda está em fase de levantamento dos danos causados. “Esta fase vai nos dar dimensão do que realmente aconteceu”, afirma. Entre os depoimentos colhidos nesta semana, está o da secretária de Turismo, Indústria e Comércio do município, Juliane Salvadori.
A partir desta oitiva, foi constatado que a empresa deu prejuízo no valor de R$ 2.500 à prefeitura de Bonito. “O dano não foi maior porque a prefeitura se viu obriga a fazer uma operação de compensação”, explica o delegado.

O valor é referente à compra antecipada de vagas para visitas à Gruta do Lago Azul. A aquisição gera impostos e a prefeitura tentou de várias formas negociar esta dívida tributária com a empresa. Como não foi atendido, o município retomou as vagas adquiridas pela agência e revendeu, usando o dinheiro como crédito para pagar os impostos. A operação de compensação está prevista no Código Tributário do município.

O delegado disse ainda que realizou oitivas com proprietários de atrativos da cidade, que forneciam o serviço a empresa, além de duas camareiras de um hotel administrado por Alexandre, que não foram pagas.

O proprietário de dois hotéis arrendados pelo dono da agência Ar também foi ouvido, alegando que retomou os estabelecimentos por não cumprimento de cláusulas postas no contrato. Bancos também alegaram terem sido lesados pela empresa. Até o momento foram registrado cerca de 20 boletins de ocorrência contra a empresa. “Este pode ser um dos maiores casos de estelionato que já houve na cidade de Bonito”, avalia o delegado.

Congelamento Judicial

No dia em que anunciou o fechamento, a empresa repassou e-mails aos clientes alegando ter sofrido “congelamento judicial em relação a um débito antigo com o Banco do Brasil”. Além disto, a mensagem afirmava que as reservas futuras não estavam garantidas.

Um das que recebeu a mensagem foi a estudante de agronomia, Roberta Carolo, 21 anos. De Porto Alegre (RS), ela já havia deposita 50% do valor de seu pacote quando foi comunicada da situação. “O nosso prejuízo foi de R$ 2.063”, afirma.

A estudante, que viajaria pela primeira vez para a cidade, afirma que o atendimento já estava estranho nos dias anteriores ao fechamento. “Eu não tinha confirmação das reservas dos nossos passeios. Depois, descobri que não foram feitas reservas de nada, nem do hotel”, afirma.

Outra queixa da jovem, foi de que o depósito foi feito em nome de pessoa física e não de pessoa jurídica. “A secretária de Turismo deveria ajudar nisto. Pois, é uma situação formal, mas parece informal de atendimento ao público. Tinha de ter uma fiscalização maior do município”, acredita.

A jovem afirma que entrará com ação judicial para tentar reaver o dinheiro.