Caio confirma em entrevista ter acendido rojão que matou cinegrafista

Em entrevista a TV Globo, o jovem Caio Silva de Souza, 23 anos, preso na madrugada desta quarta-feira em Feira de Santana (BA), admitiu ter acendido o artefato explosivo que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade.”Se eu acendi? Acendi sim”, respondeu Caio a reportagem, completando que o fez junto com Fábio Raposo, já […]

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Em entrevista a TV Globo, o jovem Caio Silva de Souza, 23 anos, preso na madrugada desta quarta-feira em Feira de Santana (BA), admitiu ter acendido o artefato explosivo que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade.”Se eu acendi? Acendi sim”, respondeu Caio a reportagem, completando que o fez junto com Fábio Raposo, já indiciado por tentativa de homicídio qualificado e crime de explosão.

O rapaz, de família pobre e morador da Baixada Fluminense, negou que tinha um alvo específico. “Nem sabia que aquilo era um rojão”, declarou, explicando que imaginou se tratar de um “cabeção de nego”, um artefato que só provoca barulho. Quando pessoas próximas mostraram a ele as imagens que estavam sendo divulgadas pela polícia, Caio disse que ficou com medo de ser morto por pessoas “envolvidas nas manifestações”.

O delegado que investiga a morte do cinegrafista informou na coletiva nesta quarta-feira Caio não confessou participação no crime. De acordo com Maurício Luciano, titular da 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão), do suspeito seguiu orientação do advogado e, em depoimento à polícia, disse que só falaria em juízo.

“Ele deixou muito claro que não falaria a respeito dos fatos. Sendo ouvido na delegacia, manteve esse posicionamento e disse que se reserva a falar em juízo. Caio não admitiu nem negou nada que lhe é atribuído”, afirmou o delegado Maurício Luciano na Cidade da Polícia, um conjunto de unidades policiais no Rio. “Para a polícia, a confissão é apenas mais um elemento de garantia. Nós temos provas técnicas, testemunhais e vídeos comprovando a participação.”

Atingido em protesto, cinegrafista tem morte cerebral

Santiago foi atingido na cabeça por um rojão durante a cobertura de um protesto contra o aumento das passagens de ônibus no Centro do Rio de Janeiro, no dia 6 de fevereiro. Além dele, outras seis pessoas ficaram feridas na mesma manifestação.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, o cinegrafista chegou em coma ao hospital municipal Souza Aguiar. Ele sofreu afundamento do crânio, perdeu parte da orelha esquerda e passou por cirurgia no setor de neurologia. A morte encefálica foi informada pela secretaria no início da tarde de 10 de fevereiro, após ser diagnosticada pela equipe de neurocirurgia do hospital onde ele estava internado no Centro de Terapia Intensiva.

O tatuador Fábio Raposo confessou à polícia ter participado da explosão do rojão que atingiu Santiago. Ele foi preso na manhã de domingo em cumprimento a um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. O delegado Maurício Luciano, titular da 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão) e responsável pelas investigações, disse que Fábio já foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado e crime de explosão e que a pena pode chegar a 35 anos de reclusão.

Raposo ajudou a polícia a reconhecer um segundo responsável pelo disparo do artefato que causou a morte do cinegrafista. O tatuador, preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro, afirmou, de acordo com o relato do delegado, que “eles se encontravam em manifestações” e que “esse rapaz tem perfil violento”.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou, na manhã do dia 11, uma foto do suspeito de ter acendido o rojão que atingiu Santiago Andrade. Caio Silva de Souza, 23 anos, tem duas passagens pela polícia e era considerado foragido desde que foi expedido um mandado de prisão temporária em seu nome. Fábio Raposo, que passou o rojão, reconheceu o autor do disparo a partir da imagem levada pelo delegado.

Procurado por homicídio doloso qualificado – quando há intenção de matar – por uso de artefato explosivo e pelo crime de explosão, o suspeito foi preso na madrugada de 12 de fevereiro em uma pousada na cidade de Feira de Santana, na Bahia. De acordo com o advogado Jonas Tadeu Nunes, que também defende Fábio Raposo, Caio Silva de Souza seguia em direção ao Ceará, para a casa de um avô, mas foi convencido a se entregar. Ele não reagiu ao ser preso.

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