Bovespa cai 2,5% e fecha no menor patamar desde agosto

A bolsa brasileira já acumula perdas de mais de 4% neste ano. E só se passaram seis pregões. A primeira semana cheia de 2014 ainda não acabou, mas já registrou dois dias nervosos no mercado doméstico, tanto no câmbio como na renda variável. Na terça-feira, foram as declarações de um executivo da agência de classificação […]

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A bolsa brasileira já acumula perdas de mais de 4% neste ano. E só se passaram seis pregões. A primeira semana cheia de 2014 ainda não acabou, mas já registrou dois dias nervosos no mercado doméstico, tanto no câmbio como na renda variável.

Na terça-feira, foram as declarações de um executivo da agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), alertando para a possibilidade de o rating do Brasil ser rebaixado em algum momento deste ano. Hoje, não houve uma razão única para as vendas, mas uma combinação de fatos recentes negativos e de falta de boas notícias no horizonte.

O Ibovespa perdeu importante suporte gráfico na casa dos 49.800 pontos, o que fez os sistemas automáticos de controle de risco dispararem as chamadas ordens de ‘stop loss’, para evitar perdas maiores. Rumores de que uma grande gestora de recursos europeia estaria reduzindo posições em papéis na Bovespa também circularam nas mesas.

“O ano começou com cara de tempestade perfeita”, afirma o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala. “Tivemos uma sequência de más notícias, especialmente na questão fiscal. O ministro Guido Mantega bem que tentou arrefecer os ânimos ao antecipar o resultado das contas do governo. Mas o fato é que o resultado positivo foi feito em cima de receitas não recorrentes. Na prática, o superávit primário foi algo entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões.”

O diretor da Mirae Asset Corretora, Pablo Spyer, acrescenta que o Brasil também foi “vítima” neste início de ano de uma série de relatórios negativos por parte de grandes instituições financeiras internacionais. “Goldman Sachs e J.P. Morgan soltaram estudos aos seus clientes com avaliações negativas sobre os mercados emergentes, especialmente o Brasil.”

O ano de 2014 também começou em meio às incertezas sobre a nota de classificação de risco (rating) do Brasil, com S&P e Moody’s fazendo comentários negativos a respeito do país por meio da imprensa e levantando a possibilidade d e a nota ser reduzida em um degrau ainda neste ano, mesmo com eleições presidenciais no calendário.

O Ibovespa encerrou a quinta-feira com perda de 2,48%, aos 49.322 pontos, menor nível do índice desde 8 de agosto do ano passado (48.928 pontos). O volume foi forte, com R$ 7,066 bilhões. Entre as ações mais relevantes do índice, Vale PNA afundou 3,70%, a R$ 29,94, acompanhada por Petrobras PN (-3,02%, a R$ 15,70), Itaú PN (-3,11%, a R$ 30,77) e Bradesco PN (-2,87%, a R$ 27,39).

“O Ibovespa perdeu um suporte gráfico importante aos 49.840 pontos. A próxima parada deve ser nos 48.900”, prevê o analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo. “O índice está mirando nos 45 mil pontos.” Para reverter o quadro negativo, diz o especialista, o mercado precisa subir cerca de 5% e recuperar a linha dos 52 mil pontos. “Enquanto não tiver uma notícia positiva no radar, devemos seguir apontando para baixo.”

Apenas cinco das 72 ações do Ibovespa terminaram o pregão em alta, com destaque para ALL ON (8,8%), Cosan ON (1,05%) e Oi PN (0,5%). ALL e Cosan reagiram ao esclarecimento da concessionária de ferrovias, informando que a empresa e a Rumo Logística – do grupo Cosan – encontram-se “envolvidos em disputas acerca de sua relação comercial, sujeitas a obrigações de confidencialidade”. O esclarecimento aconteceu após matéria publicada pelo Valor, dizendo que a Cosa n negocia com os acionistas da ALL uma fusão com sua subsidiária Rumo. Na ponta negativa do Ibovespa ficaram Energias do Brasil ON (-6,14%), Bradespar PN (-4,68%) e Brookfield ON (-4,62%).

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