Bebê ‘ariano ideal’ em capa de revista nazista era judeu

O bebê “ariano ideal” que aparece na capa de uma revista da propaganda nazista, em 1935, era, na verdade, judeu. A revelação foi feita pela própria pessoa na foto, Hessy Taft, hoje com 80 anos. A mulher doou uma cópia da revista ao Museu do Holocausto, em Jerusalém, como parte da campanha Recolhendo Fragmentos, lançada […]

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O bebê “ariano ideal” que aparece na capa de uma revista da propaganda nazista, em 1935, era, na verdade, judeu. A revelação foi feita pela própria pessoa na foto, Hessy Taft, hoje com 80 anos.

A mulher doou uma cópia da revista ao Museu do Holocausto, em Jerusalém, como parte da campanha Recolhendo Fragmentos, lançada em 2011 para estimular pessoas a doarem materiais ligados ao holocausto para que sejam protegidos pela posteridade.

Hessy Taft, cujo sobrenome de solteira é Levinson, nasceu em Berlim em 1934, filha de pais judeus originários da Letônia. Ambos músicos, eles haviam chegado à Alemanha em 1928 para trabalhar como cantores de ópera.

Em depoimento a funcionários do museu, Taft contou que o contrato de seu pai foi cancelado imediatamente assim que suas origens judias foram descobertas.

Concurso

Em 1935, a mãe de Hessy e sua tia a levaram para ser fotografada por Hans Ballin, um renomado fotógrafo em Berlim. Sete meses mais tarde, a empregada dos Levinson disse ter visto a foto da pequena Hessy na capa da revista nazista Sonnie ins Hous (Raio de Sol na casa, em tradução livre).

A fotografia havia sido escolhida em um concurso promovido pelo Departamento de Propaganda Nazista, chefiado por Joseph Goebbels. A melhor entre cem imagens clicadas pelos melhores fotógrafos alemães representaria o “bebê alemão ariano ideal” e seria capa da revista.

Sem saber das origens da família Levinson, Ballin submeteu a foto de Hessy e de outros dez bebês. A ironia de a fotografia trazer uma bebê judia foi motivo de piada durante muito tempo na família.

A foto da menina também foi redistribuída em cartões postais em todo o país e até na Lituânia.

Quando perguntada o que diria para o fotógrafo hoje, Hessy respondeu: “Eu diria: ‘Que bom você teve coragem’”.

Fuga

Após fugir da Alemanha para Paris em 1938, a família escapou da ocupação nazista no norte da França em 1941, emigrando para Espanha e Portugal até conseguir embarcar em um navio para Cuba.

Em 1949, os Levinson se estabeleceram nos Estados Unidos, onde Hessy se formou em química na Universidade de Columbia e se casou, em 1959, com Earl Taft.

O casal tem dois filhos e quatro netos. Ele ainda leciona química na Universidade de St. John’s.

Apesar de sua família mais próxima ter sobrevivido ao holocausto, a maioria de seus parentes em Latvia foram mortos pelos nazistas e seus colaboradores.

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