A Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ) iniciou hoje (13), no Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá, zona portuária da cidade, uma série de homenagens ao ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, morto  em dezembro do ano passado. As bandeiras sociais e políticas defendidas pelo líder africano são temas centrais do 3º Encontro da SBPRJ com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que termina no dia 20, na Biblioteca Parque da Rocinha, em São Conrado, zona sul da capital fluminense. O evento ocorre a cada dois anos.

O psicanalista Ney Marinho, da comissão organizadora do encontro, disse à Agência Brasil que a decisão de homenagear Mandela é a vinculação de suas bandeiras com a psicanálise. Segundo ele, hoje, serão debatidos o preconceito e a violência  contra a mulher, a criança e o jovem e o papel do pai nesse contexto. No dia 20, estarão em pauta a violência  social e política, as comissões da Verdade e de Conciliação e o perdão, que, conforme explicou, é um tema que também interessa à psicanálise. Os trabalhos serão encerrados com debates sobre solidariedade e fraternidade.

A criação de uma sociedade fraterna foi uma proposta apresentada por Nelson Mandela, recordou Marinho. “Escolhemos o Mandela  porque a vida e as lutas dele  condensam preocupações muito próximas a nós psicanalistas. Lidamos, por exemplo, com a questão da agressividade humana e a possibilidade de se pensar em outra maneira  de convivência e relação entre pessoas”, salientou Marinho.

Todas as atividades do 3º Encontro da SBPRJ incluirão apresentações artísticas.  Hoje à tarde, haverá exposição fotográfica da oficina Clique Popular, da Rocinha, e apresentação do Quarteto de Cordas da comunidade. No dia 20, serão exibidos  uma ‘performance’ em vídeo da artista plástica paraense Berna Reale e o ‘clip’ “Amor Cuidado”, com letra da poetisa e atriz Elisa Lucinda e música de Wagner Tiso e Caíque Botkay. Os intérpretes são artistas dos nove países de língua portuguesa.

Para o escritor  angolano José Eduardo Agualusa, os autores não costumam trazer respostas, mas inquietações, “de modo que, a  partir delas, possam surgir questões que transformem o encontro em uma conversa, ou seja, em um diálogo produtivo”. Sobre o preconceito, objeto do primeiro debate, disse que o mais importante é perceber como ele é construído. “O preconceito é, em larga medida, uma construção social e de pensamento”, comentou Agualusa.

Presidenta  da SBPRJ, Celmy Quilleli Corrêa destacou as afinidades entre as atividades do saber dos psicanalistas e a riqueza que a palavra e a cultura trazem para o debate.