Atrasos nas obras devem tornar a cobertura de celular nos estádios insuficiente
Depois de constatarem que milhares de torcedores mal conseguiram mandar uma mensagem de texto para comemorar os gols do Brasil na Copa das Confederações, no ano passado, as operadoras de telefonia avisaram: precisariam de pelo menos 150 dias para instalar as redes de telecomunicações nos estádios das 12 cidades-sede do Mundial de futebol. Mas foi […]
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Depois de constatarem que milhares de torcedores mal conseguiram mandar uma mensagem de texto para comemorar os gols do Brasil na Copa das Confederações, no ano passado, as operadoras de telefonia avisaram: precisariam de pelo menos 150 dias para instalar as redes de telecomunicações nos estádios das 12 cidades-sede do Mundial de futebol. Mas foi somente em março, 90 dias antes do jogo inaugural do maior evento esportivo do planeta, no dia 12 de junho, que foram fechados os acordos para instalação de infraestrutura móvel nos estádios de São Paulo e Curitiba e solucionados os problemas que impediam o início dos trabalhos em Cuiabá e Porto Alegre.
O resultado é que agora, a um mês do pontapé inicial do certame, ainda não se sabe se haverá ou não cobertura suficiente para transportar o enorme volume de dados que deve trafegar pela rede durante os jogos. O mais provável é que milhares de pessoas fiquem sem sinal justamente quando mais querem dividir sua emoção com os amigos. A rede de dados está em fase final de testes em apenas metade dos estádios. Na outra metade, incluindo o Itaquerão, em São Paulo, palco da abertura oficial, a instalação das mais de 300 antenas e quilômetros de cabos de fibra óptica está apenas começando. A situação se repete nas arenas de Curitiba, Manaus, Natal, Cuiabá e Porto Alegre.
As empresas já admitem que o serviço será ruim. O diretor do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), Carlos Duprat, espera um “resultado satisfatório”, de acordo com sua definição, na conexão dos seis estádios que já estavam prontos para a Copa das Confederações. “O projeto prevê a melhor infraestrutura de telecomunicações que existe no mundo, mas é extremamente complexo e precisa de tempo para ser instalado”, diz Duprat. O próprio ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, está convencido de que os torcedores terão dificuldade para usar o serviço no interior dos estádios.
“Dificilmente vai dar tempo de oferecer um serviço de boa qualidade”, afirmou Bernardo, no dia 30 de abril. Assim como as operadoras, o ministro culpou a demora na entrega dos estádios pelo atraso. De fato, o Itaquerão só ficou pronto no dia 15 de abril, e a Arena da Baixada, em Curitiba, ainda não estava concluída até a semana passada. Em nota, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que regula o setor, disse que a concentração de usuários de telefonia móvel em um mesmo local pode ocasionar uma “demanda anormal de uso dos recursos da rede das prestadoras e resultar em dificuldades momentâneas independentemente da tecnologia usada”.
A justificativa não se sustenta: um grupo de 60 mil torcedores num estádio não é, exatamente, um fato inesperado em um torneio de futebol. Para reduzir os custos e agilizar as obras, Claro, Oi, Nextel, Tim e Vivo investiram R$ 200 milhões para a implantação da infraestrutura que vai atender às redes 2G, 3G e 4G. Mas as próprias operadoras acreditam que não será suficiente e propuseram a instalação de Wi-Fi gratuito dentro dos estádios. Com a falta de acordo e os atrasos das obras, essa alternativa será encontrada apenas em cinco deles. A precariedade na rede traz outro risco: jornalistas que virão ao Brasil cobrir o evento também podem ter dificuldades em suas transmissões.
O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, alertou para essa possibilidade em entrevista ao jornal britânico The Times, em março. “Sem os sistemas de TI e de telecomunicações instalados nos estádios, vocês (jornalistas) vão dizer que este foi o pior evento”, afirmou. O “apagão” telefônico durante os jogos também pode comprometer a imagem do Brasil e a própria reputação das empresas, depois de todo o esforço para participar do evento. A Vivo investiu um valor estimado em US$ 15 milhões na Seleção, e a Oi patrocina a Copa. A despeito das dificuldades anunciadas, elas procuram passar uma mensagem de otimismo para os consumidores. Em seu vídeo, em ritmo de samba, a Vivo canta “Em todo lugar/ Compartilhar/ Não vai faltar ninguém/ O lance é tá junto/ Conexão/ Pega bem”.
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