O ministro das Telecomunicações, Paulo Bernardo, disse hoje (26) estar preocupado com os reflexos que o atraso nas obras dos estádios de Porto Alegre, São Paulo e Curitiba poderão causar para a instalação de equipamentos de telecomunicações durante a Copa do Mundo. Ele diz acreditar, no entanto, que a Telebras, empresa responsável pela infraestrutura a ser usada na transmissão televisiva dos jogos, dará conta do desafio, ainda que o atraso resulte em “uma situação emocionante, no mal sentido”. Já as empresas de telefonia móvel terão ainda que resolver problemas de cunho comercial com as administrações dos estádios, acrescentou.

“A informação recebida na segunda-feira (24) é que esses três são os estádios que têm maior atraso”, informou o ministro na Câmara dos Deputados, depois de audiência pública. “A preocupação é a de todo mundo: as obras [dos estádios] atrasaram muito, e precisamos colocar infraestrutura de telecomunicações, o que normalmente é colocado depois que o estádio está pronto. E o estádio em Curitiba (PR) só estará pronto no dia 15 de maio. Quer dizer: teremos apenas um mês de prazo para instalar [o equipamento]. Mas já estamos negociando [na busca por uma solução]”, adiantou.

Paulo Bernardo explica que em cada estádio será necessário disponibilizar uma sala para os equipamentos da Telebras. “Teremos também de instalar dois anéis de fibra ótica redundantes, para o caso de, se houver dano a um dos anéis, o outro funcionar”, disse ele, demonstrando ainda certa confiança. “Vai ser feito que nem na Copa das Confederações. Na época, teve instalação de fibras que só terminou uma semana antes do jogo, com certeza causando uma tensão; um estresse. Mas não vai ter problema nenhum, porque a Telebras sabe que isso é obrigação”.

Já no caso das empresas de telecomunicações há um problema a mais, disse ele. “Tem uma briga sobre quanto a empresa terá que pagar para colocar a antena no estádio. E tudo isso vira um problema comercial”. Paulo Bernardo diz suspeitar de que essas questões comerciais sejam o real motivo de o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) ter feito declarações sobre o risco de haver demora ou mal funcionamento da internet nos estádios, caso não consigam instalar antenas e wifi (serviço de acesso à internet sem fio).

“Acho que eles não deviam nem ficar falando essas coisas, porque isso já acontece em aeroportos e também em outras áreas da cidade. O SindiTelebrasil precisa fazer o esforço dele para instalar o equipamento e dar conta [do que lhe cabe]. Essas declarações ajudam a tornar a situação mais emocionante, mas não ajudam a resolver o problema das telecomunicações”, argumentou.

Paulo Bernardo reiterou que o desafio do país para com as telecomunicações não está restrito aos jogos da Copa. “Não estamos fazendo um serviço só para a Copa do Mundo”, disse. “Precisamos resolver o problema das telecomunicações e melhorar a qualidade delas para o Brasil. A Copa será apenas durante um mês. Acabou a Copa, vamos continuar vivendo aqui, e o brasileiro quer um serviço de boa qualidade”, disse ao lembrar que as concessões para telefonia de quarta geração (4G) terão prazo de 15 anos.

O ministro disse, ainda, que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já finalizou uma regulamentação que permitirá, aos estangeiros que vierem ao Brasil para os jogos, a habilitação de celulares sem a necessidade de apresentação de CPF. “Bastará apresenta o passaporte”, disse o ministro.