‘Até 2030, não há sinal de uma nova capitalização da Petrobrás’
As reservas de 15 bilhões de barris de óleo que a Petrobrás recebeu, sem licitação, do governo na terça-feira não chegam a ser um presente da União. Mas para a presidente da estatal, Graça Foster, será suficiente para reverter a imagem negativa obtida com denúncias de corrupção. Ancorado nessa estratégia, a executiva recebeu o Estado […]
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As reservas de 15 bilhões de barris de óleo que a Petrobrás recebeu, sem licitação, do governo na terça-feira não chegam a ser um presente da União. Mas para a presidente da estatal, Graça Foster, será suficiente para reverter a imagem negativa obtida com denúncias de corrupção. Ancorado nessa estratégia, a executiva recebeu o Estado para uma entrevista exclusiva na sexta-feira, após uma rodada de explicações a investidores.
Na tentativa de virar o jogo a favor da estatal, Graça foi taxativa em descartar uma nova capitalização até 2030. Além disso, ainda garantiu que a Petrobrás não é refém de um reajuste no preço da gasolina para bancar o pagamento de R$ 2 bilhões de bônus de assinatura pelas quatro áreas do pré-sal recém-adquiridas.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
O mercado financeiro critica muito a Petrobrás pela falta de reajuste dos preços dos combustíveis. Há perspectiva de reajuste ainda neste ano?
Não anunciamos reajustes. Como estamos a cinco meses do fim do ano, qualquer elemento que eu coloque de previsibilidade, estou pré-anunciando um reajuste.
Por que a opção pela contratação direta (sem licitação) foi tomada agora?
Hoje se tem um acúmulo de dados muito grande. Já perfuramos 17 poços nessa área do excedente, testamos 12. Todos deram potenciais enormes de produção. É uma certeza muito grande que se tem da acumulação de óleo produzido de forma economicamente viável.
O que motivou a opção pelo modelo de partilha?
Porque é a condição em que a União ganha mais. Para a companhia, não tem risco exploratório. O nível de sucesso nessa área de excedente do contrato de cessão onerosa é de 100%. Ali, a União ganha duas vezes. Ganha carga fiscal, todas as participações governamentais, e ganha em volume de óleo. A União tem o máximo interesse em colocar a produção dessa área em marcha. Nós colocamos na mesa alguns valores e fechamos em R$ 2 bilhões neste ano, que, comparado com o superávit, acredito que não seja relevante.
Foi um presente da União para a Petrobrás?
Não, porque foi uma discussão eloquente. Como pode projetos de igual potencial a Libra (campo de Libra, no pré-sal) com valores tão diferentes? Isso foi muito discutido com o controlador. Ele sabe da nossa capacidade financeira. A gente está muito bem. A compensação, a participação de óleo para o governo em Libra é de 41,65%. Se a gente antecipar os R$ 13 bilhões, ainda assim, a participação de óleo para o governo será maior.
Como os analistas que se reuniram com a senhora viram a nova contratação da Petrobrás?
O mercado reconhece o valor desse óleo. Demonstramos que a capitalização está completamente fora do radar. Com essa produção maior, na busca permanente pela convergência de preços, com a carteira de desinvestimento, estamos caminhando para voltar a ter os indicadores de endividamento líquido. O conselho (de administração) nos deu 18 meses para voltar com esses indicadores, já se passaram seis meses, nos níveis que o conselho determina.
Como conciliar o interesse dos investidores e do acionista controlador (União)?
O investidor, por mais imediatista que ele seja, eu compreendo. Quem não pode ser imediatista sou eu. Tenho de olhar os dois lados. O investidor cobra o dia de hoje, o resultado, o dividendo do ano, tenho de atendê-lo. Mas eu tenho também de olhar lá para a frente. Faço esses dois papéis. A Petrobrás sempre atendeu aos interesses dos investidores.
Há uma demanda por mais investimento. Como fechar essa conta?
Aumenta o investimento até certo ponto. Entre 2014 a 2018, o investimento adicional por conta dessas áreas é de US$ 1,2 bilhão. Se tiver antecipação, são mais US$ 5 bilhões.
A antecipação do pagamento pressiona o caixa da empresa?
Até a data da assinatura do contrato, o governo vai ter de decidir se quer antecipar ou não. Ainda não sentamos para discutir o contrato. Se optarem pela antecipação, hoje, o custo seria de R$ 13 bilhões. Esse dinheiro terei de incluir no plano de negócios de 2015 a 2019, que levo ao conselho entre fevereiro e março. Se o conselho não aceitar aumentar o investimento, teremos de cortar projetos. É uma prerrogativa do conselho.
O parcelamento do bônus de assinatura foi uma condição encontrada para aliviar limitações no caixa da Petrobrás?
R$ 15 bilhões no orçamento de uma empresa é uma doce limitação, porque é dinheiro demais. A Petrobrás pode muito. Conduzir essa operação desta forma é razoável do ponto de vista da capacidade financeira da companhia.
Aquisições, como da refinaria de Pasadena, não passam no conselho?
Aquisições e vendas, obrigatoriamente, passam pelo conselho. A Petrobrás adquiriu o direito de comprar uma determinada área, não está sendo comprado ou vendido uma empresa.
Quais os novos passos agora?
O que eu vou ter de fazer na próxima reunião ou quando estivermos prontos a assinar o contrato é: se não tiver no orçamento folga para o pagamento de R$ 2 bilhões, relativo ao bônus de assinatura, terei de solicitar ao conselho o aumento do orçamento. Não necessariamente terei de pedir mais orçamento ao conselho. Por conta da magnitude do projeto, a gente vai levar uma apresentação ao conselho.
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