O escritor Ariano Suassuna foi homenageado, nesta terça-feira (15), na 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura. No último fim de semana, o uruguaio Eduardo Galeano também recebeu homenagem pela trajetória política e literária. A noite de hoje contou com o sotaque acentuado e quase cantado de Suassuna, paraibano reconhecido por obras diversas, que passam pela dramaturgia, romance, poesia e crítica das artes e das culturas.

Os organizadores do evento e secretários do Governo do Distrito Federal iniciaram a homenagem. O secretário de Educação, Marcelo Aguiar, subiu ao palco sob vaias. Depois, ele mesmo entregou o Troféu Bienal para o escritor.

À vontade com a plateia que lotou o Museu da República e calou para escutá-lo, Suassuna começou pedindo desculpas, em tom de brincadeira, “por minha voz, que é feia, baixa, fraca e rouca”. Ele contou causos, fez piada com o esquecimento causado pela velhice e confessou o amor pela esposa, Zélia, com quem “namora” desde 16 de agosto de 1947 – fez questão de registrar. Apaixonado e apreciador do “rir e do fazer rir”, como destacou, o escritor e defensor da cultura popular, aos 86 anos, prepara-se para lançar um romance epistolar chamado Um Jumento Sedutor.

A arte da produção de tantas obras foi apresentada para a plateia, por meio de muitas histórias. Suassuna mostrou com causos o domínio da filosofia da arte, relembrou os tempos de professor de estética na Universidade Federal de Pernambuco, comprovou conceitos de Aristóteles sobre a essência do cômico – “uma desarmonia de pequenas proporções e sem consequências dolorosas” – e defendeu as personagens que criou, em especial João Grilo, o protagonista de O Auto da Compadecida.

Ironizando os críticos de suas obras, disse que logo que a maior delas foi lançada, em 1956, “chamavam João Grilo de anti-herói e o comparavam ao Macunaíma, coisa que eu não gostava não. E não gosto até hoje”. O autor defende que o personagem é um herói que “vence o clero corrupto, os proprietários rurais e até o diabo”, assevera, para então referir-se à astúcia como estratégia de sobrevivência usada pelos nordestinos que povoam seus escritos.

Do Nordeste, foram lembrados ainda, durante a homenagem, outros escritores