Argentina prepara cartas para negociar com fundos especulativos em Nova York

A Argentina finaliza neste domingo os detalhes da estratégia que defenderá nesta semana na negociação com os fundos especulativos que cobram na justiça US$ 1,3 bilhão, mais juros, que correspondem a títulos da dívida pública não renegociados nas trocas comerciais de 2005 e 2011, após a moratória de 2011, e cujo resultado será decisivo para […]

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A Argentina finaliza neste domingo os detalhes da estratégia que defenderá nesta semana na negociação com os fundos especulativos que cobram na justiça US$ 1,3 bilhão, mais juros, que correspondem a títulos da dívida pública não renegociados nas trocas comerciais de 2005 e 2011, após a moratória de 2011, e cujo resultado será decisivo para evitar que o país tenha um ‘default’ e declare moratória novamente.

Uma delegação de representantes do executivo de Cristina Kirchner se reunirá amanhã em Nova York com Daniel Pollak, o mediador designado pelo juiz Thomas Griesa, responsável pela decisão que determina o pagamento imediato no litígio aberto por fundos especulativos, para tentar avançar nas negociações entre o Estado argentino e os fundos abutres.

“Qual funcionário vai até lá é o de menos. Irá uma representação muito qualificada do governo argentino para levar a melhor negociação possível, uma negociação com uma dinâmica inesperada”, afirmou na sexta-feira o ministro da Economia, Axel Kicillof, em entrevista coletiva.

Apesar de não ter havido confirmação oficial, a imprensa argentina aponta que os representantes escolhidos por Kicillof são: o secretário de Finanças, Pablo López, o secretário da área Legal e Administrativa do Ministério da Economia, Federico Thea, e o subprocurador do Tesouro, Javier Pargament.

A Argentina está em uma encruzilhada por causa da sentença de Griesa, favorável a menos de 3% dos credores que processaram o país para cobrar integralmente o valor dos títulos da dívida pública que foram renegociados em 2005 e 2010, após a moratória de 2001, em plena corrida contra o relógio para evitar cair uma nova moratória com os credores reestruturados.

Isso porque a decisão do juiz e os acordos fechados anteriormente determinaram que os credores sejam pagos equanimemente. Se pagar os fundos abutre, a Argentina se exporá a futuras ações de cobrança integral da dívida, valor que poderia chegar à impagável soma para o país de US$ 120 bilhões.

Em 30 de julho terminará o prazo que, por contrato, a Argentina tem para pagar uma parcela com os credores reestruturados que vencia em 30 de junho.

Apesar de o governo argentino ter realizado no final de junho o depósito desse vencimento, os intermediários designados, como o Bank of New York, não transferiram o dinheiro aos credores porque o pagamento foi declarado ‘ilegal’ por Griesa.

Para Cristina Kirchner, que insiste que sua intenção é pagar em condições “justas, equitativas e legais” 100% dos credores, esta decisão é “insólita” porque impede terceiros de cobrarem o que é deles por direito.

“A Argentina quer pagar, mas principalmente vai pagar sua dívida reestruturada que é um trabalho muito árduo, de muita negociação, e conseguimos um consistente acordo com 92,4% (dos credores)”, lembrou Kicillof.

O ministro apontou também que “há novidades todos os dias” que fazem variar o equilíbrio de forças e assinalou como exemplo que há “um grupo importantíssimo de credores reclamando ao juiz o pagamento dos valores de Nova York”.

Enquanto isso, a Argentina seguiu uma estratégia de busca de apoios internacionais que pretendem convencer os outros países do risco que a sentença significa para o sistema financeiro internacional, já que é um precedente que põe em risco as possibilidades dos países de reestruturarem sua dívida soberana.

A reunião de amanhã não terá a participação dos representantes dos fundos querelantes, que já anunciaram que aceitariam um pagamento com bônus como o oferecido pela Argentina a Repsol para compensar a companhia petrolífera espanhola pela desapropriação de 51% das ações da YPF.

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