Arena Pantanal decepciona em público e serviços na volta pós-Copa

Quando precisou estar no chamado padrão Fifa ela passou. Deixou a Copa do Mundo com saldo positivo e aprovada por praticamente todos os torcedores que lá acompanharam quatro partidas. Passado o Mundial, a Arena Pantanal recebeu nesta terça-feira sua primeira partida e não agradou. Não só pelo público pequeno de pouco mais de sete mil […]

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Quando precisou estar no chamado padrão Fifa ela passou. Deixou a Copa do Mundo com saldo positivo e aprovada por praticamente todos os torcedores que lá acompanharam quatro partidas. Passado o Mundial, a Arena Pantanal recebeu nesta terça-feira sua primeira partida e não agradou. Não só pelo público pequeno de pouco mais de sete mil torcedores, mas pelos serviços prestados ao torcedor e a imprensa, que ficaram mal acostumados com o encontrado no período do maior evento de futebol.

Dentro de campo um futebol bonito com cinco bolas na rede, na vitória do Vasco sobre o Santa Cruz, por 4 a 1, pela Série B do Brasileiro. O gramado, criticado na reta final da Copa, também merece elogios. Mostrou-se impecável, com poucas ou quase nenhuma falha. A beleza do estádio também continua chamando a atenção, assim como sua evacuação e mobilidade interna. Fora das quatro linhas, porém, nada que se compare ao Mundial.

Se na Copa havia internet, banheiros limpos e espaço para imprensa, no jogo desta terça-feira não teve nada disso.

As falhas começaram logo na entrada, já que as catracas não funcionaram, sem uma explicação dos organizadores. Bastava apresentar o ingresso e entrar. Aqueles que porventura estivessem com entradas falsas, jamais serão achados. Lá dentro, mais confusão já que os assentos não eram marcados, ou seja, cada um sentava onde achasse melhor.

“Na volta do intervalo não consegui ficar no mesmo lugar. Achei outro assento vago, mas já não tive a mesma visão”, disse a torcedora Jaqueline Almeida.

Antes do acesso ao interior do estádio, o que se viu no entorno foi muita sujeira, entulhos e restos de obra, principalmente pela desmontagem das estruturas temporárias que ainda não terminaram, mesmo Cuiabá tendo sediado o último jogo na Copa do Mundo no dia 24 de junho.

Item elogiado no Mundial, a internet wifi do estádio não existia. Na área destinada à imprensa e local da coletiva dos treinadores a rede até era encontrada, mas nenhum funcionário da Secopa-MT soube informar a senha. Pior para a imprensa, que não pôde utilizar um item que o estádio possui.

“Recebemos o estádio da Fifa na semana passada e ainda estamos em fase de transição”, tentou minimizar uma funcionária.

A limpeza dos banheiros também deixou a desejar e voltou a lembrar da realidade brasileira em estádios. Não havia nenhum funcionário durante o jogo para prestar serviço no local. Ao fim dos 90 minutos já dá pra imaginar como eles ficaram.

Os bares suportaram bem, mesmo com alguns fechados para diminuir custos com funcionários. No setor Oeste inferior, por exemplo, dos quatro disponíveis, três estavam em funcionamento. As filas podem ser consideradas normais, principalmente no intervalo do jogo, quando a maioria se levanta das cadeiras. Não houve falta de produtos e os preços também agradaram.

“Na Copa do Mundo paguei dez reais por um saco de pipoca e agora está pela metade do preço. É algo mais justo”, disse Rogério Farias.

Com poucos cadeirantes no estádio, o espaço destinado a eles acabou sendo ocupado por outros torcedores. Não havia sterwards nas arquibancadas, o que torna mais difícil a fiscalização. Os seguranças privados se limitaram a ficar no campo de jogo, para impedir alguma invasão de campo, fato não ocorrido.

Houve um jogo de empurra-empurra para assumir a responsabilidade. “Dona” do estádio, a Secopa-MT não mandou nenhum representante para comentar as falhas. A Federação Mato-grossense de Futebol (FMF) também não se pronunciou, assim como a empresa responsável pela organização do jogo. Ela, inclusive teve prejuízo com a partida, já que esperava um público pagante de pelo menos 15 mil pessoas.

Outra medida encontrada para diminuir custos foi fechar os setores superiores Norte, Sul e Oeste, o que deixa no ar a pergunta: Cuiabá suporta um estádio com capacidade para 44 mil torcedores? Neste domingo, a Arena Pantanal será aberta novamente. É a vez do Cuiabá receber o Paysandu, pela Série C do Brasileiro. Os preços são acessíveis: R$ 20 inteira e R$ 10 meia. Mais uma vez, os setores superiores estarão fechados.

Ainda na ressaca pós-Copa do Mundo, o torcedor cuiabano segue sem voltar seus olhos para o futebol, o que refletiu no baixo número de torcedores, quando apenas 5.274 pessoas pagaram ingresso nesta terça, que variavam de R$ 60 a R$ 70.

Antes do Mundial, o estádio recebeu quatro partidas – dois da Copa do Brasil (Mixto x Santos e Cuiabá x Internacional), um da Série A (Santos x Atlético-MG) e um da Série B (Luverdense x Vasco) – com média de 15 mil pessoas. O próprio treinador Adilson Batista, do Vasco, comentou o desinteresse.

“Gostei do estádio, estão de parabéns, agora é usá-lo com frequência. Mas é preciso ter mais gente, sei que torcedor está chateado com a nossa seleção, mas temos que voltar para nossos campeonatos, nossos clubes, apoiar e ajudar.”

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