Ar-condicionado ligado conservou corpo de professor encontrado morto no interior
As primeiras informações levantadas por agentes da Polícia Civil e do Núcleo de Perícias dão conta de que, pelo menos, duas pessoas estiveram na casa com o professor Ézio Luis Rocha Bittencourt, de 47 anos, encontrado morto na manhã desta terça-feira (25). Segundo os levantamentos, impressões digitais diferentes das do professor e da empregada teriam […]
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As primeiras informações levantadas por agentes da Polícia Civil e do Núcleo de Perícias dão conta de que, pelo menos, duas pessoas estiveram na casa com o professor Ézio Luis Rocha Bittencourt, de 47 anos, encontrado morto na manhã desta terça-feira (25).
Segundo os levantamentos, impressões digitais diferentes das do professor e da empregada teriam sido encontradas no quarto onde estava o corpo da vítima.
Ainda de acordo com os investigadores, em virtude do estado do corpo, acredita-se que a vítima tenha morrido na noite de sábado (22), data em que ele teria sido visto pela última vez com vida, na companhia de uma amiga, fazendo caminhada no final da tarde. O fato de o ar-condicionado do cômodo estar ligado teria, de certa forma, preservado o corpo do professor.
Com o auxílio de reagentes químicos, a polícia encontrou vestígios de substância análoga a cocaína, além de preservativos usados, o que reforça a tese de que Ézio Luis não estaria sozinho na casa. Outro fator que reforça esta tese é o relato informal de pessoas próximas da vítima. Segundo elas, a empregada, que trabalhava na casa do professor uma vez por semana, teria ido até a residência na segunda-feira e estranhado o fato de ele não responder ao seu chamado.
Na manhã de terça-feira , ela teria retornado ao local, chamado por ele diversas vezes, porém sem resposta. Na hora do almoço, a trabalhadora voltou ao local, onde, após observar melhor o imóvel, percebeu que o portão estava apenas encostado, bem como a porta dos fundos. Ela então teria entrado na casa e encontrado o professor morto no quarto, momento em que acionou as autoridades. Amigos disseram que Ézio Luis era muito cuidadoso e não tinha o costume de dormir sem trancar as portas e o portão da casa.
O delegado de polícia Luis Augusto Milani disse que todas as possibilidades são investigadas, dentre elas, morte natural; morte violenta, dependendo do resultado do laudo do Instituto Médico e Odontológico Legal (Imol); e overdose pelo consumo de drogas. “Nenhuma vertente sobre o caso está descartada até o momento. Vamos apurar todas as possibilidades para elucidar o caso”, afirmou o delegado.
Ainda segundo o delegado, a subtração de alguns objetos da casa realmente leva a crer que alguém esteve no local com o professor. “No primeiro momento, recebemos a informação de que foi subtraído um molho com chaves de todas as portas do imóvel, um porta-joias, uma arma de fogo, além de uma bolsa, utilizada por ele para transportar materiais utilizados em sala de aula”, explicou a autoridade policial.
Liberação do corpo
Um grupo de alunos, colegas de trabalho e amigos do professor passaram o dia e grande parte da noite desta terça-feira em frente do IML de Nova Andradina à espera da liberação da vítima. Em silêncio, e sem nenhuma manifestação mais intensa, eles demonstraram indignação sobre a demora na realização dos procedimentos e a respeito da maneira como o corpo permaneceu à espera dos exames necroscópicos.
“Uma pessoa, que saiu de tão longe para contribuir na formação educacional e cultural dos nossos jovens, merecia um pouco mais de respeito. Nossa tristeza é ainda maior pelo fato de não podermos nos despedir do professor de maneira honrosa e digna”, disse Alexandre Pierezan, coordenador do curso de História da UFMS. A revolta de Pierezan, compartilhada pelos amigos, se deve ao fato de o corpo de Ézio Luis ter permanecido dentro do veículo funerário por 10 horas, sem nenhuma conservação.
A princípio, o carro estava estacionado na rua e, após reclamações por parte das pessoas, o veículo foi recolhido na garagem do IML, porém o corpo ainda teria levado muito tempo até ser encaminhado para a sala de necropsia, o que ocorreu apenas por volta das 23 horas, quando os trabalhos foram iniciados. O atraso se deu em virtude de o IML local contar com apenas um médico legista, que também atua como ortopedista no Hospital Regional Francisco Dantas Maniçoba.
A demora na chegada do médico ao IML se deu em virtude de o profissional estar realizando um cirurgia de enxerto ósseo, considerada de alta complexidade, na vítima de um acidente de trânsito ocorrido na segunda-feira (17). O procedimento cirúrgico teria demorado 6 horas, quando então o médico foi liberado e se deslocou para o Instituto Médico-Legal.
Em relação ao armazenamento do corpo, o equipamento de refrigeração do IML, utilizado para esta finalidade, não funciona há alguns anos, motivo pelo qual a vítima foi mantida no carro funerário até a chegada do legista.
A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), por meio da diretora do campus local, Solange Fachin, lamentou o ocorrido e prestou o auxílio necessário para a liberação e traslado do corpo até a cidade de Rio Grande (RS), a aproximadamente 1.600 quilômetros de Nova Andradina, onde residem os pais de Ézio Luis.
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