Médica boliviana prefere ficar em Campo Grande e tentar novamente a prova que avalia o ensino da Medicina ao invés de voltar ao país para tentar uma vaga na área.

O sotaque entrega e a pergunta se torna inevitável: De onde você é? A médica boliviana Laura Nadyr, 27 anos, chegou a Campo Grande há seis meses para realizar a prova de revalidação do diploma, mas os planos esbarraram na falta de documentos brasileiros. Ela perdeu a prova e decidiu que em vez de voltar para a Bolívia, vai ficar no Brasil até poder realizar a prova, que é anual. Como não poderia exercer a profissão de médica e também não conseguiria ficar longe da área, ela foi trabalhar como atendente em uma farmácia da Capital.

Laura conta que é formada na Universidad Mayor de San Simón, na Bolívia e trabalhou um ano como médica no país vizinho, até decidir vir para o Brasil. “Muitos brasileiros estudam lá, pois é mais barato fazer medicina na Bolívia. Sempre falavam que o Brasil precisa de médicos e na Bolívia os médicos não são tão valorizados”, diz.

A médica boliviana diz que saiu do país apenas com uma mala e bolsa sem conhecer ninguém na Capital. A expectativa chegar ao Brasil e logo de cara realizar a prova de revalidação do diploma de medicina e poder trabalhar como médica. Com a demora em conseguir tirar o CPF e o RG, ela acabou perdendo a prova que foi realizada em agosto do ano passado. Agora, ela terá que esperar pela prova deste ano.

Entre os motivos que levaram a boliviana a escolher o Brasil ela cita a valorização dos médicos e também os maiores salários oferecidos no país, em comparação com a Bolívia. Laura diz que escolheu Campo Grande, depois de conversar com uma amiga também boliviana, que havia feito a prova de revalidação do diploma para trabalhar no Brasil. Entre as opções, estavam os Estados do norte do Brasil e Campo Grande, “Escolhi aqui pela maior proximidade com a Bolívia, tem um clima bom. Se fosse para o norte também não poderia trabalhar como médica sem o registro do Conselho de Medicina”, relata.

Na farmácia, Laura trabalha no atendimento aos clientes e segundo ela, o tempo em que está passando na farmácia é de aprendizado. Para poder trabalhar no estabelecimento, ela passou por provas e treinamentos. “Tem muita coisa que é diferente entre aqui e lá, que eu estou aprendendo. Tem remédios aqui que não tem lá, tive que aprender os programas de medicamentos como farmácia popular”, comenta.

A boliviana diz que os planos para o futuro já estão traçados. Ela fará a revalidação do diploma para poder exercer a profissão e dará continuidade aos estudos fazendo especialização. “Tenho vontade de ficar no Brasil e as metas já estão decididas é trabalhar e estudar. Tenho que ser aprovada [na prova de revalidação] sim ou sim”, diz.

Com planos bem definidos, Laura diz que não pretende voltar a morar na Bolívia tão cedo. “Voltar para Bolívia é só de viagem, para passar férias com meus pais”, conclui.