Após avanço de eurocéticos, líderes da UE prometem rever agenda política

O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, afirmou que líderes da União Europeia reunidos em Bruxelas concordaram em reavaliar a agenda política do bloco depois que eleitores enviaram “uma mensagem forte” por meio das urnas na semana passada. Segundo Van Rompuy, os 28 líderes dos países membros lhe pediram para lançar consultas sobre futuras […]

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O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, afirmou que líderes da União Europeia reunidos em Bruxelas concordaram em reavaliar a agenda política do bloco depois que eleitores enviaram “uma mensagem forte” por meio das urnas na semana passada.

Segundo Van Rompuy, os 28 líderes dos países membros lhe pediram para lançar consultas sobre futuras políticas do bloco.

As declarações foram feitas após a reunião para discutir o resultado das eleições para o Parlamento Europeu. O pleito foi marcado por fortes ganhos de partidos populistas e de extrema-direita.

Mas, apesar do avanço de grupos anti-integração, também chamados de “eurocéticos” (que não querem que seus países sejam obrigados a seguir leis decididas pela UE), partidos pró-Europa garantiram o maior número de votos.

A reunião de terça-feira foi a primeira oportunidade para os líderes europeus discutirem o caminho a seguir daqui para frente.

Segundo o correspondente da BBC Chris Morris, as reformas devem incluir um foco menor em políticas de austeridade e de regulação da economia e um impulso maior a medidas para estimular o crescimento e criar empregos.

Herman Van Rompuy ainda afirmou que os resultados das eleições europeias mostraram “uma mistura de continuidade e mudança” e que a mensagem de “euroceticismo” emitida pelos eleitores está “no coração” das discussões entre os líderes.

O presidente do Conselho Europeu também afirmou que a reunião em Bruxelas havia sido uma “primeira discussão útil” e que os líderes da UE haviam concordado em colocar a economia no centro da agenda do grupo.

“À medida que a União emerge da crise financeira, precisa de uma agenda positiva de crescimento”, disse ele, repetindo um bordão que tem sido bastante usado como medida para reverter o crescente sentimento anti-UE.

Isolamento da França

O presidente francês, François Hollande, pediu à Europa que “preste atenção” na França após descrever como “dolorosa” a derrota de seu Partido Socialista para a Frente Nacional, de extrema-direita.

Holande ainda afirmou que a vitória da Frente Nacional foi “traumática para França e para a Europa.”

“A França não pode viver isolada e assustada. Seu destino é ficar na Europa”, acrescentou.

A Frente Nacional – que foi descrita como “fascista” pelo ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble –, saiu vitoriosa nas urnas com 25% dos votos, empurrando os socialistas para o terceiro lugar.

A líder do partido, Marine Le Pen, disse que pretende usar seu mandato para “defender a França” e combater “medidas loucas como votos para os imigrantes.”

Le Pen deve se encontrar nesta quarta-feira com líderes de partidos de extrema-direita e anti-integração na tentativa de formar um novo grande bloco no Parlamento Europeu.

Na terça-feira, ela disse acreditar que o interesse em impedir uma integração maior da UE une vários grupos de países diferentes.

Entretanto, um de seus principais possíveis aliados, o partido eurocético PVV da Holanda, teve um desempenho aquém do esperado na eleição da semana passada, e o líder do partido britânico UKIP, também eurocético, já disse que não faria pacto com a Frente Nacional.

Diálogo

Herman Van Rompuy também disse aos jornalistas que vai abrir diálogos com os grupos políticos a serem formados no Parlamento Europeu sobre quem vai ser nomeado para chefiar a Comissão Europeia, braço executivo do bloco. A instituição é chefiada atualmente pelo português José Manuel Durão Barroso.

De acordo com as últimas projeções, o Partido Popular Europeu, de centro-direita, será o maior grupo político do Parlamento e seu candidato é o ex-premiê de Luxemburgo Jean-Claude Juncker.

Tradicionalmente, os líderes da UE podem nomear o líder da Comissão, mas, sob novas regras, terão de levar em conta a partir de agora os resultados das eleições europeias.

Para Chris Morris, o processo de escolha do presidente da Comissão pode ser motivo de controvérsia entre grupos políticos.

Ainda que não haja limite de tempo para que o próximo líder seja anunciado, espera-se que Van Rompuy se pronuncie sobre o assunto dentro de duas ou três semanas.

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