Após anos de queda, economias ‘correm’ para recuperar produtividade do trabalho

Previsões otimistas em 2014 para economias avançadas estão fazendo com que alguns países busquem melhorar um indicador – que estava em queda no mundo desde o começo da crise global em 2008 – para ajudá-los na retomada do seu crescimento: a produtividade do trabalhador. A produtividade é uma medida de eficiência da produção, que calcula […]

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Previsões otimistas em 2014 para economias avançadas estão fazendo com que alguns países busquem melhorar um indicador – que estava em queda no mundo desde o começo da crise global em 2008 – para ajudá-los na retomada do seu crescimento: a produtividade do trabalhador.

A produtividade é uma medida de eficiência da produção, que calcula a relação entre o que é produzido, os meios empregues (como trabalhadores ou máquinas) e o tempo gasto – e permite a avaliação de quanto cada fator de produção contribui para produzir uma unidade de riqueza na economia.

Neste ano, a produtividade foi colocada no centro da política econômica de alguns países – que costumam dedicar suas atenções a índices de desemprego e de crescimento econômico.

Na Grã-Bretanha, o presidente do Banco da Inglaterra (o banco central britânico), Mark Carney, anunciou no dia 12 que a produtividade passará a ser um dos indicadores a balizar decisões sobre a taxa de juros.

Os juros britânicos estão nos patamares mais baixos da história, na tentativa de reanimar a economia. O governo havia prometido subir os juros no momento em que o desemprego caísse para 7% (o número atual é 7,2%), mas agora a produtividade será um dos fatores determinantes na política monetária britânica.

No México, o governo lançou um programa oficial de cinco anos destinado a aumentar a produtividade dos trabalhadores locais. A intenção do governo é investir em infraestrutura e destravar obstáculos que reduzem a eficiência do processo produtivo.

Nos Estados Unidos e na China, a produtividade do trabalhador também está no centro das preocupações das autoridades. A recém-empossada presidente do Federal Reserve (o Fed, banco central americano), Janet Yellen, disse neste mês que o desafio da economia americana é fazer com que os salários dos trabalhadores acompanhem o aumento da produtividade.

Na China, considerada o “grande motor” da produtividade mundial na última década, a desaceleração do indicador foi considerada um sinal de alerta de que a economia chinesa pode estar em declínio.

Eficiência

A produtividade é importante pois um incremento de produtividade permite que o Produto Interno Bruto (PIB) de um país cresça sem necessariamente depender de queda no desemprego ou aumento no número de empresas e fábricas.

Dados recentes divulgados pela entidade americana de pesquisas Conference Board mostram que a produtividade do trabalhador caiu pelo terceiro ano seguido em 2013 em todo o mundo. Cada trabalhador produziu 1,8% menos em bens e serviços do que em 2012.

No Brasil, a produtividade também está no centro da preocupação dos economistas. Em setembro do ano passado, o assunto foi tema de uma edição especial de um boletim do Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (Ipea), do governo federal.

Na avaliação dos economistas, o Brasil possui atualmente uma combinação de baixo desemprego com lento ritmo de aceleração econômica. Assim, uma forma de fazer o país crescer seria melhorando a eficiência dos fatores de produção já existentes – como trabalhadores e empresas.

Os dados da Conference Board mostram que a produtividade do trabalhador brasileiro subiu levemente no ano passado, crescendo 0,8%, depois de ter caído 0,4% no ano anterior e de se manter em uma média histórica baixa.

Os números são fracos se comparados com a produtividade do trabalhador chinês – que subiu 7,1% em 2013 e já atingiu 8,8% no começo da década.

Para o professor David Kupfer, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a produtividade tem potencial para ser um tema-chave no debate econômico no Brasil no ano eleitoral, pois não existe sequer um diagnóstico claro de quais são os obstáculos para a produtividade brasileira crescer.

“Fazendo uma analogia, a produtividade é como uma temperatura de um paciente. Você mede e ela pode ser alta ou baixa. Mas ela não tem valor de diagnóstico algum. Ela apenas é um indicação de que alguma coisa está errada e que alguma coisa está fora do lugar, mas só depois disso é que você vai saber o quê.”

Para ele, diversos fatores são comumente levantados como causadores de baixa produtividade nos países da América Latina, desde o nível inferior de educação da população ao clima quente (que prejudicaria o desempenho do trabalhador), mas não ainda há um diagnóstico convincente sobre quais fatores afetam o Brasil.

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