O ‘Programa Municipal de DST/Aids e Hepatites’, sofre desde o fim de novembro com a falta do reagente utilizado para a realização de testes de Aids em Dourados – a 225 quilômetros de Campo Grande. Enquanto isso, amostras de sangue de 150 pessoas que suspeitam estar infectadas aguardam na geladeira a espera de uma solução da prefeitura.

A reportagem recebeu diversas reclamações denunciando o caso. A fim de conferir o problema uma equipe foi até o local (na Rua dos Missionários, 420, Jardim Caramuru), onde em poucos minutos viu quatro pessoas que queriam fazer o teste serem dispensadas pela atendente, que alegava falta do reagente e o acúmulo de ampolas aguardando teste, Ela pedia para as pessoas retornarem outro dia.

Após presenciar o fato, a reportagem foi questionar a responsável pelo setor, Berenice de Oliveira, que se redimiu de qualquer culpa e “abriu a caixa-preta” denunciando os verdadeiros culpados. “A Secretaria de Saúde foi informada ainda em novembro de 2013, avisamos quando ainda havia estoque do produto, mas não tomaram nenhuma providência então aconteceu o inevitável, acabou o reagente e sem ele é impossível fazer o teste. Como as amostras de sangue estavam se acumulando, eu ordenei na segunda-feira (2) a parar de recolher, pois se a amostra ficar muito velha pode influenciar no resultado”, explicou.

Berenice explicou que a situação é lastimável e perigosa, pois várias pessoas infectadas com o vírus podem estar transmitindo a doença para o restante da população. “Sabemos que infelizmente nem todo mundo se protege, então basta uma pessoa infectada ter relação sem proteção, para dar início a uma contaminação em efeito dominó. E isso ocorre silenciosamente, e a saúde pública só vai perceber daqui alguns anos, pois a doença demora um tempo para começar a se manifestar. E caso isso ocorra, todo mundo já sabe quem será o responsável”, complementou.

A responsável pelo setor disse que é lamentável o fato da administração conduzir a cidade de uma forma que contraria totalmente o slogan da gestão Murilo Zauith, que diz: “Nossa cidade melhor para você”.

Teste rápido

Ainda segundo Berenice, existe o chamado ‘teste rápido’. Ela explica que este é um tanto escasso, disponibilizado em quantidades pequenas, sendo assim, é utilizado apenas em casos de extrema emergência, como acidentes de trabalho por profissionais da saúde, estupro e outros casos excepcionais.

Prefeitura

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Dourados, questionando a origem do problema, e quando a falha será resolvida. Porém, em resposta, a administração pública mais uma vez “desmentiu” a constatação da reportagem, como também a declaração da chefe do setor ao afirmar que o problema não está na falta do reagente e sim na ausência de um profissional que realize o serviço.

Confira a resposta da prefeitura:

Segundo a Secretaria de Saúde, o que falta não é o produto reagente, mas, uma farmacêutica bioquímica para manipular o produto. A profissional que estava no programa DST/Aids entrou de férias em novembro do ano passado, já avisando que não iria mais trabalhar na prefeitura. A secretaria não tinha outro profissional de prontidão para colocar no lugar dela. Todos os farmacêuticos bioquímicos que a prefeitura tem estão cedidos para o HU, já que o hospital realiza os exames laboratoriais da rede pública.

A Secretaria de Saúde já chamou uma farmacêutica cedida para sair do HU e se apresentar à secretaria, para assumir essa vaga no DST/Aids. Ela deve assumir a vaga no dia 18 deste mês.