Geraldo Gimenez, de 47 anos, vivia tropeçando pelas próprias raridades que acumulava em casa, na vila Bandeirantes. Até que recebeu um ultimato da esposa: “ou as coisas, ou eu e os filhos”. Sem tratamento e nem titubear, o Dr. Bugiganga começou a negociar suas preciosidades pelo Facebook e saiu do desemprego.

Agora, ele comemora a abertura da loja que possui desde projetores do Cine Centro, de São Paulo, até o lápis da avó, nunca usado, de 1960. A procura de Geraldo é por objetos curiosos, diferentes ou raros.

Os clientes também vão atrás do mesmo. Há três anos e meio o comerciante começou a divulgar os objetos pela rede social e este continua a ser o principal meio de compra, venda e troca.

“Troco mais do que vendo, porque falta dinheiro para as pessoas. Mas ainda assim consigo manter a loja”, explicou. Questionado se a mania de trocar advém dos resquícios de acumulador, Geraldo afirma estar curado.

“Hoje em dia não seguro mais nada. Tudo está à venda, consigo me desfazer de tudo que tenho”, garante.

A história de Geraldo passa por um período de desemprego e de dono do lar. Após ter uma filha, a mulher precisou voltar ao trabalho e ele teve que cuidar da criança e da casa. Foi quando ele percebeu o quanto custa cuidar dos seus objetos.

“Sempre valorizei a minha mulher, mas quando a gente faz, percebe. A louça não se lava sozinha e suja umas cinco vezes por dia. Cansei de ver marido reclamando da mulher, falando que ela não fez nada o dia inteiro, que está sentada vendo novela. Essas pessoas não têm noção do quanto cansa cada serviço doméstico”, defendeu.

Ao precisar de dinheiro e de uma recolocação no mercado, Geraldo passou a vender as coisas. Hoje em dia, sua loja conta com, por exemplo, um abridor de latas de 1930, que custa R$ 75. Muitos itens da loja são do Japão, do período em que Geraldo foi para o país trabalhar por cinco anos.

O lápis da avó, aliás, custa R$ 45. O item mais caro da loja é uma cadeira massageadora  comprada no Japão por R$ 15,5 mil. Agora, ele revende o produto por R$ 8,5 mil. “Faz até 20 tipos de massagem, tem regulagem para adultos e crianças”.

Quadros, eletrônicos de todos os tipos, móveis antigos e raros, semi-jóias e até roupas são vendidas no local. “Minha mulher está abrindo um espaço aqui no prédio só com roupas legais, mas usadas. Tem bolsas também. Procuramos investir em coisas raras e curiosas”.

Chaveiros, itens de decoração LPs, uma vitrola, lente para câmeras e todo o tipo de produto são vendidos no local, há quatro meses. “Ainda vendo mais pela internet. Abri aqui para desafogar o que tenho em casa e ter um espaço específico para a atividade. As pessoas passam na frente e não entendem o que vendo, porque é muito variado”, diverte-se.

Serviço

A loja do Dr° Bugiganga fica na rua Anhanduí, n° 31, próximo ao Mercadão Municipal, no centro de Campo Grande. A página do Facebook pode ser vista aqui.