Com o líder da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, à sua esquerda, e o presidente de Israel, Shimon Peres, à sua direita, o papa Francisco cobrou coragem de todos os lados envolvidos nos conflitos do Oriente Médio para dizer sim ao diálogo e não à violência. O Pontífice discursou neste domingo (8) no esperado encontro com Abbas e Peres nos Jardins do Vaticano, reunião que foi acertada durante sua passagem pela Terra Santa no final de maio.
“Para fazer a paz é preciso coragem, muito mais do que para fazer a guerra. É preciso coragem para dizer sim ao encontro e não aos confrontos; sim à negociação e não à hostilidade; sim ao respeito dos pactos e não às provocações; sim à sinceridade e não à traição”, disse Jorge Bergoglio durante a jornada de orações, que se desenvolveu em um clima bastante relaxado.

Os presidentes de Israel e da ANP chegaram a se abraçar sob o olhar do Papa e trocaram sorrisos entre si. “Ouvimos um chamado e devemos respondê-lo. Um chamado para interromper a espiral de ódio e violência e pará-la com uma só palavra: ‘irmão’. Mas para dizer essa palavra devemos levantar os olhos para o céu e nos reconhecer como filhos de um único pai”, acrescentou Francisco.
O Pontífice também agradeceu Abbas e Peres por terem aceitado o seu convite e disse esperar que esse encontro seja o início de um novo caminho para “buscar aquilo que nos une e superar o que nos divide”. Em seguida, o chefe de Estado israelense também se pronunciou e chamou Bergoglio de um “construtor de pontes de fraternidade e paz”, afirmando que sua viagem pela Terra Santa tocou a todos, independentemente de sua fé ou nacionalidade. “Dois povos, os israelenses e os palestinos, desejam ardentemente a paz. As lágrimas das mães sobre os seus filhos ainda estão gravadas em nossos corações. Nós devemos colocar fim à violência, ao conflito. Todos precisamos de paz. Paz entre iguais”, salientou Peres.

No entanto, o presidente lembrou que o fim dos confrontos não vai chegar facilmente e que será preciso lutar “com todas as forças”, ainda que isso exija sacrifícios e compromissos, para alcançar tal objetivo. “Nós podemos, juntos e agora, transformar a nossa nobre visão em uma realidade de bem estar e prosperidade. Está em nosso poder levar a paz aos nossos filhos. Esse é o nosso dever, a missão santa dos pais”, declarou.

Independência

Mahmoud Abbas foi o último dos três a discursar e pediu o reconhecimento da liberdade e da soberania da Palestina, apresentando seu desejo de ver uma coexistência pacífica no Oriente Médio. “Te suplico, Senhor, em nome do meu povo, o povo da Palestina – muçulmanos, cristãos e samaritanos -, que deseja ardentemente uma paz justa, uma vida digna e a liberdade. Te suplico, Senhor, para tornar o futuro do nosso povo próspero e promissor, com liberdade em um Estado soberano e independente”, afirmou.

O presidente da ANP ainda lembrou as palavras do papa João Paulo II, que disse certa vez: “Se a paz chegar a Jerusalém, a paz será testemunhada no mundo inteiro”. “Nós desejamos a paz para nós e para nossos vizinhos. Nós procuramos a prosperidade e pensamentos de paz para nós e para os outros”, completou.
No fim da cerimônia, Abbas, Peres e Francisco se cumprimentaram a plantaram uma oliveira, símbolo da paz, nos Jardins do Vaticano. Também participaram das orações o patriarca de Constantinopla, Bartolomeu, três rabinos (Rasson Arussi, Daniel Sperber e David Rosen), o líder espiritual dos drusos em Israel, Moafaq Tarif, e o chefe da comunidade islâmica no país, Mohammad Kiwan.