Via Sacra alerta para “confusão entre o real e o virtual” e sugere “evangelizar” redes sociais

O texto aprovado pelo Vaticano ressalta “a geração que nasceu conectada por meio da Internet”, e diz que as redes sociais são “uma possibilidade para construir relações verdadeiras”, mas que exigem “muita atenção para não ficar refém das forças de dispersão que despojam a juventude de sua identidade”.

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O texto aprovado pelo Vaticano ressalta “a geração que nasceu conectada por meio da Internet”, e diz que as redes sociais são “uma possibilidade para construir relações verdadeiras”, mas que exigem “muita atenção para não ficar refém das forças de dispersão que despojam a juventude de sua identidade”.

A preocupação da Igreja Católica com a “confusão entre o real e o virtual”, característica das redes sociais, foi representada em um dos textos lidos durante a Via Sacra, um dos atos centrais da Jornada Mundial da Juventude, nesta sexta-feira (26), em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro.

Na décima entre as 14 estações da encenação, o voluntário da JMJ responsável pela leitura alertou para o “risco de dispensar o encontro com as pessoas pelos contatos na rede”. A reflexão ocorreu logo após o ato no qual “Jesus é despojado de suas vestes”. quando a figura de Jesus Cristo, enfim, ganhou representação humana na Via Sacra da JMJ.

O texto aprovado pelo Vaticano ressalta “a geração que nasceu conectada por meio da Internet”, e diz que as redes sociais são “uma possibilidade para construir relações verdadeiras”, mas que exigem “muita atenção para não ficar refém das forças de dispersão que despojam a juventude de sua identidade”. “A manipulação da inteligência é uma delas”, completa.

Há ainda um alerta crítico para uma suposta “alienação dos direitos religiosos, sociais e até políticos” provocada pelas redes sociais, e um pedido a Deus para que o “continente digital” seja “evangelizado”.

A Via Sacra

A encenação da morte de Jesus Cristo teve início por volta das 18h, depois de o papa Francisco percorrer a avenida Atlântica a bordo do papa móvel. Do palco, ele observou a movimentação dos atores, voluntários e cenários.

Foram 14 estações que mostraram o sofrimento de Jesus, “as dores” presentes na sociedade de hoje e a representação do percurso feito por Cristo, antes de ser crucificado. A atriz Cássia Kiss interpretou a virgem Maria.

Na primeira estação, que representa a condenação de Cristo, o ator Eriberto Leão e um missionário da Igreja Católica leram trechos do Evangelho. O deslocamento da cruz foi feito por meio de um pedestal, carregado por jovens. Não houve representação humana de Jesus até a décima estação.

Em seguida, a atriz Narjara Tureta e jovens da JMJ leram mais trechos bíblicos. Na terceira estação, quando Jesus cai pela primeira vez, duas voluntárias leram passagens do Evangelho. Uma delas afirmou ser de uma favela do Rio, na qual “jovens são feitos reféns”.

A quarta estação marcou a primeira aparição da virgem Maria. Grávida, a voluntária Ana Júlia Hammer Lemos leu um texto baseado no Evangelho de Lucas.

Na sequência, a atriz Lívia Aragão, filha do humorista Renato Aragão, e o seminarista Matheus Muniz deram continuidade à leitura. O palco foi montado em homenagem ao artista chileno Jorge Selarón, morto em janeiro deste ano. Ele foi o responsável por decorar com azulejos de cerâmica a escadaria da Lapa, bairro boêmio do Rio e ponto turístico da cidade.

Na sexta estação, coube a Elba Ramalho interpretar Verônica, a mulher que enxuga o rosto de Jesus Cristo. A cantora paraibana também leu um pequeno trecho do Evangelho de Isaías.

A sétima estação representou a “a importância do amor entre os jovens”, e trouxe 12 casais simbolizando operários. Em seguida, na oitava estação, 15 mulheres aparecem em um cenário representando diversas profissões. Também nesta estação, a apresentadora da “TV Globo” Ana Maria Braga leu trecho do Evangelho de Lucas.

A nona estação trouxe cadeirantes e voluntários com roupas de motoboy. Já a décima, quando “Jesus é despojado de suas vestes”, a figura de Cristo enfim ganhou representação humana.

Com ferimentos e sangue espalhado pelo corpo, o ator percorre o trajeto no qual Cristo, segundo a Bíblia, teve suas roupas retiradas pelos soldados romanos. As vestes foram divididas em quatro partes, uma uma para cada soldado, exceto a túnica.

Também na décima estação, a quatro do fim, voluntários leram um texto no qual fica clara a preocupação com a confusão “entre o real e o virtual”. A Via Sacra alertou para “o risco de dispensar o encontro com as pessoas pelos contatos na rede”.

Chegada do Papa a Copacabana

Francisco chegou por volta das 17h15 no Forte de Copacabana, onde pousou de helicóptero. Ele se deslocou pela via da praia de Copacabana, e foi recepcionado por milhares de pessoas. No caminho, o pontífice parou para beijar crianças.

O papa também desceu do veículo e benzeu uma imagem de São Francisco que fica no canteiro central da avenida Atlântica, na altura da praça do Lido.

O cenário foi montado na avenida Atlântica, na orla de Copacabana, e tem como inspiração a cidade antiga de Jerusalém, comum percurso usado nas procissões do século XVI.

O palco tem capacidade para 1500 convidados sentados e está localizado na altura da rua Princesa Isabel. Cerca de 20 cadeirantes estão no palco representando os portadores de deficiência.

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