Vacina contra malária pode estar no mercado em 2015
Vacina não é 100% eficaz, mas reduziu casos de contaminação de uma doença que mata 660 mil pessoas por ano. População, alertam especialistas, também precisa adotar medidas preventivas paralelas. No Gabão, toda criança pega malária, em média, uma vez por ano. Para pesquisadores, o país ideal para testar uma vacina para uma doença que mata […]
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Vacina não é 100% eficaz, mas reduziu casos de contaminação de uma doença que mata 660 mil pessoas por ano. População, alertam especialistas, também precisa adotar medidas preventivas paralelas.
No Gabão, toda criança pega malária, em média, uma vez por ano. Para pesquisadores, o país ideal para testar uma vacina para uma doença que mata cerca de 660 mil pessoas ao ano – 90% delas na África.
Pesquisadores esperam que até 2015 seja lançada no mercado uma vacina que pode reduzir pela metade os casos de contaminação da doença. A estimativa foi apresentada na semana passada – com otimismo, porém de forma cautelosa – durante a Sexta Conferência Pan-africana sobre Malária, em Durban (África do Sul), e é fruto da maior pesquisa de campo já feita na área.
“A vacina pode diminuir pela metade a incidência da doença. Dessa maneira, poderemos, possivelmente, salvar 300 mil crianças”, diz Maxime Selidji Agnandji, um dos responsáveis pelo estudo no Gabão. Segundo ele, esse já seria um enorme passo, apesar de a vacina ainda não ser 100% eficaz.
Desde 2009, a vacina RTS,S foi testada em outros seis países além do Gabão: Moçambique, Tanzânia, Gana, Quênia, Malawi e Burquina Fasso. Até hoje já foram vacinadas 16 mil crianças.
O Instituto Albert-Schweitzer em Lambarené, na região central do Gabão, é um dos centros que participam da pesquisa. Ele parece uma vila, escondida entre as árvores do rio Ogoouné. Seus pesquisadores vivem e trabalham bem próximos dos pacientes que eles tentam curar.
“Fico tocado com o número de pessoas que morrem dessa doença”, afirma Agnandji.
A eficácia da vacina varia de acordo com a idade de quem vai recebê-la. Quando aplicada em bebês de entre 5 e 17 meses, ela possuiu um efeito maior. Se aplicada em bebês de 6 até 12 semanas, a eficácia é de somente 30%.
Prevenção
Após o fim da pesquisa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vai dar um parecer sobre a vacina. O próximo passo é o registro nos países. Cientistas esperam que até o início de 2015 ela esteja disponível no mercado.
Mas a luta contra malária só será vitoriosa se moradores de localidades infestadas tomarem as medidas de prevenção: dormir com redes tratadas com inseticida e passar o veneno contra o mosquito nas paredes das casas. “O diagnóstico precoce da doença também é decisivo para a cura”, afirma Bertrand Lell, diretor do instituto.
A vacina RTS,S vem sendo desenvolvida desde a década de 1980 pela farmacêutica GlaxoSmithKline, em parceria com o instituto de pesquisa do Hospital Militar Walter Reed de Washington, nos Estados Unidos.
“A pesquisa foi muito difícil, pois o agente da malária é o protozoário Plasmodium, muito mais complexo do que uma bactéria ou vírus”, diz Eunice Betouke Ongwe, pesquisadora do Instituto de Ecologia Tropical de Gabão. “Até poucos anos atrás era quase impossível descobrir o que desencadeava a imunorreação à malária.”
O agente da malária consegue se adaptar rapidamente e se tornar inume aos medicamentos. Por ele se desenvolver principalmente no fígado, a RTS,S foi acoplada à vacina contra a Hepatite B, que também atua no fígado.
A campanha de vacinação foi financiada por uma aliança mundial composta por doadores privados, governos, universidades e institutos de pesquisa. A indústria farmacêutica também contribuiu para o sucesso do programa.
A GlaxoSmithKline afirmou que não pretende obter lucros na comercialização da primeira geração da vacina. Os lucros virão depois, quando eles desenvolverem uma segunda e mais eficiente geração desse medicamento.
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