Uma vida depois, Ceni se iguala a Pelé em fidelidade por um clube

Nascido em janeiro de 1973, Rogério Ceni tinha um ano de idade quando Pelé fez sua despedida oficial pelo Santos, em jogo cercado de expectativa contra a Ponte Preta. Desde então, é de exclusividade do ex-jogador o recorde de número de atuações por uma mesma equipe brasileira. Ou era. Uma vida toda depois, o goleiro […]

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Nascido em janeiro de 1973, Rogério Ceni tinha um ano de idade quando Pelé fez sua despedida oficial pelo Santos, em jogo cercado de expectativa contra a Ponte Preta. Desde então, é de exclusividade do ex-jogador o recorde de número de atuações por uma mesma equipe brasileira. Ou era. Uma vida toda depois, o goleiro são-paulino alcança nesta quarta-feira a mesma marca – e coincidentemente diante do mesmo adversário.

Ao pisar no gramado do Morumbi a partir de 21h50, Ceni fará sua 1116ª atuação com a camisa do clube que o recebeu em 1990. Clube pelo qual estreou três anos mais tarde (em duelo contra o Tenerife, pelo Torneio Santiago de Compostela) e foi fiel até hoje, tendo se tornado, para muitos, seu maior ídolo. Incluindo a estreia na Espanha, foram 585 vitórias, 249 empates e 281 derrotas de lá para cá.

Dentre os principais títulos, destaca-se o Mundial de 2005. A decisão, frente ao Liverpool, é tida por ele como sua melhor exibição debaixo das traves. Ficou para a história a bola que o camisa 1 buscou no limite do ângulo esquerdo após cobrança de falta de Gerrard. Mas, aos 40 anos, ainda faz defesas parecidas, de deixar muito torcedor incrédulo. Como na vitória sobre a Universidad Católica, quando ajudou a levar o time às quartas de final da Copa Sul-americana deste ano.

“Estou contente que, depois de velho para o mundo do futebol, eu ainda receba tanto carinho. Ainda bem que, no fim da carreira, tenho conseguido jogar em bom nível para as pessoas que torcem pela gente”, disse, na ocasião da partida de gala pelo torneio continental. Torneio que, com ou sem título, ficará marcado por ser aquele em que igualou o recorde de Pelé – o jogo desta quarta-feira, contra a Ponte, será o primeiro da semifinal.

A chance de conquistar a competição continental, a propósito, o motiva mais do que a marca individual, segundo ele. Quando questionado sobre o assunto, antes de ficar a um jogo do recorde, o goleiro disse que sua conta era a de que faltavam quatro partidas para o título. Por outro lado, reconheceu a importância de defender tantas vezes as cores vermelho, branco e preto.

“O Pelé é inigualável, não tem comparação. Agora, como determinação, como atleta que vestiu uma única camisa… Ele jogou nas décadas de 1960 e 70, 40 anos atrás. Nos dias atuais, em que é difícil ter uma longevidade grande, por bons negócios ou lesões, brigas… É um casamento legal (com o São Paulo), de 23 anos. Não me faço de coitado, sou remunerado, mas tenho carinho muito especial cada vez que visto essa camisa”, falou.

E bater recordes não é novidade para quem sempre se dedicou ao máximo – fazendo de tudo até para não dar brecha a reservas. Alguns notáveis, como ser o principal goleiro-artilheiro do mundo (113 gols) e o atleta com carreira mais longa dentro do São Paulo. Uma longevidade que o equipara a Pelé, do qual se diz superior apenas de uma forma.

“Pelé é Pelé. Eu sou melhor do que o Pelé, no gol”, brincou, em 2011, quando anotou o centésimo gol da carreira, diante do arquirrival Corinthians, adversário que mais vezes enfrentou. “Acho que a única coisa parecida que existe (entre nós) é essa fidelidade minha com o São Paulo, como era a do Pelé com o Santos. Mas ele foi o maior jogador do mundo, de linha. Não há comparação”.

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