Testes revelam fragilidade das cadeirinhas infantis

Cadeirinha e carro não se comunicam no Brasil. Esta é a avaliação do pesquisador Dino Lameira, da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), que acaba de realizar testes de segurança com 11 modelos de dispositivos de retenção infantil comercializados no país. O resultado divulgado esta semana, nada animador, mostra que nossos bebês e crianças […]

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Cadeirinha e carro não se comunicam no Brasil. Esta é a avaliação do pesquisador Dino Lameira, da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), que acaba de realizar testes de segurança com 11 modelos de dispositivos de retenção infantil comercializados no país.

O resultado divulgado esta semana, nada animador, mostra que nossos bebês e crianças ainda estão longe de obterem a segurança que merecem. Foram realizados testes de impacto frontal e lateral em seis modelos de bebê conforto (bebês até 13kg) e cinco de cadeirinhas (crianças entre 9kg e 36kg) e nenhum obteve a pontuação máxima, de cinco estrelas, dificultada principalmente pelos testes de impacto lateral, com os piores resultados. De maneira geral, os bebês conforto tiveram desempenho melhor que as cadeirinhas.

Na avaliação de impacto frontal, o fato mais enfatizado pela Proteste foi que a presença do Isofix (sistema em que o dispositivo de retenção é preso por ganchos diretamente na estrutura do veículo, sem a “gambiarra” de fixação pelo cinto de segurança do carro) atenuaria, e muito, os impactos sofridos durante o acidente. Apenas para comparação, já que o sistema ainda não é aprovado no Brasil, dois dos modelos testados foram avaliados tanto com a fixação pelo cinto quanto pelo Isofix.

Neste caso, a marca escolhida foi a Britax modelo Roemer Duo Pluss TT e o resultado para a fixação com Isofix foi dois níveis acima do obtido sem o Isofix. Mas, independentemente de o Isofix atenuar os impactos que a desaceleração provoca no corpo por manter o dispositivo fixado diretamente na estrutura do veículo, Lameira acrescenta que outra vantagem está na facilidade de encaixe da cadeira ou bebê conforto.

“Só o fato de o Isofix facilitar a instalação já é muito importante, pois prender a cadeirinha corretamente com o cinto é muito difícil. Muitas vezes é preciso passá-lo por dentro da cadeira por onde não há boa visão e a responsabilidade da instalação é toda dos pais”, ressalta.

Entre os principais problemas averiguados nos testes de impacto lateral, é que não há padrão internacional de conformidade para realizá-lo. Não há método e tampouco equipamento para tal. Segundo Lameira, falta proteção correta.

“O dispositivo de retenção tem que funcionar como uma cápsula e principalmente com maior abrangência de peso”, explica o pesquisador, apontando que em alguns casos os bebês (ou crianças) maiores ficam muito apertados no dispositivo de retenção e a cabeça acaba ficando acima do topo da cadeira.

Além disso, há situações em que a proteção lateral do equipamento é frágil e, às vezes, nem existe, fazendo com que a cabeça bata na lateral do veículo. “Tem que haver a cobertura correta de toda a área e o ajuste permitir que os esforços sobre o corpo sejam menores”, continua.

Inmetro promete modelos para 2014

Apesar de ser considerado mais seguro em todo o mundo, o sistema Isofix enfrenta dois obstáculos no Brasil. O primeiro é que está disponível ainda em poucos modelos de veículos e o segundo é a falta de regulamentação específica. Atualmente é exigido o selo de certificação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) para que os dispositivos de retenção infantil sejam comercializados no Brasil. Mas as normas seguidas pelo Inmetro não contemplam o Isofix.

Uma nova regulamentação está prevista há um bom tempo e segundo o próprio Inmetro até o segundo semestre possivelmente já estaria em vigor, o que não aconteceu.

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