O suicídio do ator, diretor e produtor Walmor Chagas, no dia 18 de janeiro, trouxe à tona um assunto espinhoso, mas de suma importância: a depressão na terceira idade. Aos 82 anos, Walmor vivia praticamente isolado em um sítio no interior de São Paulo. Enxergava mal, tinha dificuldades para andar, se alimentava pouco e contava frequentemente com a ajuda de empregados para executar tarefas cotidianas. Um de seus amigos disse à imprensa que o artista teria comentado que desejaria partir, caso se tornasse uma pessoa dependente.

As limitações típicas da velhice são o principal detonador dos casos de depressão entre idosos, conforme pesquisas da psicóloga Denise Pará Diniz, coordenadora do Setor de Gerenciamento de Estresse e Qualidade de Vida da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). “O sistema imunológico, a visão e a capacidade motora e de locomoção ficam comprometidos. Em alguns casos, a pessoa requer auxílio até para fazer a própria higiene. É uma fase de difícil aceitação, e há quem jamais a aceite”, afirma a especialista.

Outros fatores que devem ser levados em consideração são o isolamento social e o sentimento de inutilidade, em geral decorrentes da ausência do mercado de trabalho.

“Hoje em dia, a maioria das famílias não tem tempo ou estrutura para cuidar dos idosos. Todos têm de trabalhar e os deixam sós. A solidão, a falta de dinheiro e a dependência entristecem”, explica Sônia Fuentes, psicóloga com especialização em geriatria e mestre em Gerontologia pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). “E mesmo em circunstâncias em que as condições monetárias são boas, há casos em que a depressão e as limitações os atrapalham, impedindo-os de fazer suas escolhas e tornando-os apáticos demais”.