Servidores dizem que André ‘chora de barriga cheia’ e cobram mais dinheiro para Cassems

O Fórum Estadual de Entidade de Servidores Públicos de Mato Grosso do Sul não acredita que o Governo do Estado esteja sem dinheiro e garante existir a possibilidade de aumentar a participação do Poder Executivo no plano de saúde Cassems (Caixa de Assistência aos Servidores de Mato Grosso do Sul). Para o presidente da Fetems […]

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O Fórum Estadual de Entidade de Servidores Públicos de Mato Grosso do Sul não acredita que o Governo do Estado esteja sem dinheiro e garante existir a possibilidade de aumentar a participação do Poder Executivo no plano de saúde Cassems (Caixa de Assistência aos Servidores de Mato Grosso do Sul).

Para o presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação), Roberto Botarelli, o valor pago pelos servidores chegou ao limite da capacidade deles, e a Cassems corre o risco de entrar em colapso. “São 200 mil pessoas que poderão ser jogadas na rede pública de saúde. O governador tem que se preocupar com isso”, disse.

Ele conta que quando o plano de saúde foi criado, a participação de governo e servidores era paritária, em 3% cada. Com o passar do tempo, a contribuição dos servidores começou a aumentar, chegando a 5,25%, enquanto o governo elevou a sua participação em apenas 0,5%. “Esperamos que essa diferença não caia [novamente] no bolso do servidor”, desabafou.

Jaime Teixeira reconhece que o governo perdeu receita com a queda no FPE (Fundo de Participação dos Estados), mas lembra que o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que é a sua principal fonte de receita, aumentou.

O presidente do Sindjus (Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul), Clodoir Fernandes Vargas, também não acredita que o Governo do Estado esteja sem dinheiro e tem certeza de que o Executivo pode aumentar a sua participação no plano de saúde dos servidores.

“O André [Puccinelli, governador] sempre fala que não tem dinheiro. Nunca o vi falar que tem”, contou o sindicalista. “Eu tenho certeza de que o governo tem condições de suprir pelo menos parte da nossa reivindicação”, acrescentou.

Linha dura, o governador André Puccinelli foi alvo de um protesto promovido pelo Fórum de Servidores na semana passada. Eles reivindicavam a paridade na contribuição da Cassems entre governo e usuários, elevando a participação do Poder Executivo para 5,25%. Hoje, o governo contribui com 3,5%, enquanto os servidores já arcam com o índice de 5,25%.

“Sempre há esperança. Quando o governador falou que tem 99% de chance de não aumentar a participação na Cassems, ele deixou 1% de possibilidade. Essa é a nossa expectativa”, disse Clodoir. Puccinelli aceitou receber o Fórum dos Servidores no próximo dia 28, às 17h.

Na previsão do governo, a receita orçamentária de Mato Grosso do Sul vai chegar a R$ 12,089 bilhões para o próximo ano, o que significa um crescimento de 120% nos últimos seis anos. São R$ 2 bilhões a mais somente em relação a 2012, quando a arrecadação foi de R$ 10 bilhões.

Já para aumentar em dois pontos percentuais a sua participação, o governo precisaria desembolsar apenas R$ 4 milhões, nas contas do Fórum. Apesar do crescimento da receita, o governador André Puccinelli afirmou, em mensagem enviada à Assembleia Legislativa, que o atual cenário exige a ampliação das ações de austeridade e rigor à fixação das prioridades “para a destinação dos escassos recursos previstos”.

Puccinelli argumenta ser necessário levar em conta que o aumento no coeficiente do FPE (Fundo de Participação dos Estados) ocorrerá gradualmente e que há incerteza no retorno da receita Cide (Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico).

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, publicada nesta segunda-feira, o secretário da Fazenda, Jader Afonso, também engrossou a tese de falta de recursos no governo. Ele afirmou que a dívida do Estado tem crescimento previsto de 54%, de 2011 a 2014, e lembrou que ela consome cerca de 15% da arrecadação mensal média do Estado.

A reportagem também lembra das medidas de contenção de gastos tomadas pelo governo nos últimos dois anos como o corte de 20% nas despesas das secretarias e a demissão de 1.800 comissionados.

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