O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) disse nesta segunda-feira que a proposta da presidente Dilma Rousseff de convocar um plebiscito sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte para realizar a reforma política é “absurda”. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ele afirmou que Dilma está “acuada” e “atira para todos os lados”. “É uma proposta inviável. Para quê é feito? Para que as pessoas vejam e achem que a Presidência está atuando”, disse.

“Uma proposta dessa não tem pé nem cabeça. Para começar, você tem que aprovar uma lei no congresso aprovando o plebiscito. Segundo, você tem que marcar uma data, mobilizar a Justiça Eleitoral, ter horário eleitoral, e depois você tem que eleger os membros da Constituinte, que são independentes, não são parlamentares”, afirmou o tucano.

Serra também falou sobre as manifestações que tomaram conta das ruas do País nas últimas semanas. “O futuro não será mais o mesmo”, afirmou, dizendo que foi “um grande agitador de rua”. “Só não virei bonde porque era pesado”, brincou. “Na época, não tinha telefone, então mobilizar era muito difícil. Hoje, a internet potencializou o protesto.”

Para o ex-governador, a sociedade está mais à frente dos partidos. “Ninguém vai faturar (com os protestos) do ponto de vista partidário. Quem achar que está entendendo a situação, que sabe o que vai acontecer, está completamente por fora”, afirmou.

Serra disse que, se estivesse no lugar do governador de São Paulo, o também tucano Geraldo Alckmin, teria feito o reajuste do metrô em janeiro. Alckmin suspendeu o aumento da tarifa do transporte público após as manifestações no Estado. “Metrô tem que ter financiamento, dinheiro não vem do céu. Agora, dada as circustâncias, foi inevitável (a suspensão do aumento).”