Nos camarins da Semana de Moda de Dacar, um grupo de moças se espreme em sapatos com saltos absurdamente altos, enquanto outras ficam imóveis esperando que maquiadores deem uma reluzente cor verde-esmeralda às suas pálpebras.

As magérrimas modelos do Senegal estão sujeitas às mesmas pressões que suas colegas nas passarelas de Londres, Paris e Nova York. Ou talvez mais.

Como muitas mulheres nas ruas senegalesas, algumas modelos da África Ocidental estão clareando sua pele, na esperança de conseguir o tom “café com leite” que alguns consideram ser o ideal estético.

Mas, neste ano, o principal evento de moda do Senegal está assumindo uma postura contra essa prática nociva.

“Sou contra”, disse Adama Ndiaye, mais conhecida como Adama Paris, que criou o evento em 2002.

Na abertura da atual edição, Ndiaye disse ter proibido a participação de modelos que usem cremes de despigmentação.

O jornal local Sud Quotidian afirmou que mais de 60 por cento das senegalesas usam produtos de clareamento por razões não-médicas. No país inteiro, mulheres de todas as classes socioculturais exibem os sinais manchas descoloridas nos rostos e braços, desses tratamentos não regulamentados, à base de corticoesteroides .

“Estou tentando ensiná-las a gostarem de si mesmas”, disse Ndiaye, explicando a escolha de modelos com tom natural de pele para o evento deste ano.