Obra de revitalização da antiga região ocupada pelos trilhos só deve ser retomada após nova licitação. Prefeitura diz que empresa está falindo. Advogado diz que houve calote

A empreiteira MG abandonou o último trecho de obras da Orla Morena 2, faltando apenas 20% para a conclusão. A alegação é que a Prefeitura de Campo Grande não cumpriu com o contrato. Já a administração de Alcides Bernal (PP) alega que a empresa está falindo.

“A empresa não está falindo, foi a prefeitura que não pagou três meses seguidos, não propôs o reajuste anual e só prometeu e não cumpriu”, disse o advogado da MG, Ary Raghiant. O trecho compreende da final da Rua 14 de Julho até o Centro de Belas Artes.

Segundo o advogado, foram feitas inúmeras reuniões com representantes da prefeitura e “não chegou a lugar nenhum”. “Até tentamos uma rescisão amigável em março, mas a prefeitura nunca respondeu o documento”, afirmou.

Com a mudança de gestão, Bernal pediu a revisão de todas as licitações firmadas na época do ex-prefeito Nelsinho Trad (PMDB). Porém, seis meses depois ainda não há respostas e mais de 20 empresas alegam não receber da prefeitura e até uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Calote foi aberta para apurar os casos.

“O princípio da continuidade pública não é respeitada por essa gestão que entende que só porque você foi licitada antes desta, você vem com um carimbo como se fosse ligado ao ex-gestor, enquanto não temos nada a ver”, concluiu o advogado.

O outro lado

Em entrevista ao Midiamax, o secretário municipal de Infraestrutura, Semy Ferraz, afirma que a empresa abandonou o trecho 2. O grupo, segundo ele, avisou a prefeitura que desistiu da obra por não ter mais condições.

“Tentamos conversar para que ela pudesse terminar a obra, mas ela disse que não tem mais condições, que estão indo à falência”, explicou. Semy disse que há R$ 1,2 milhão em caixa de empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para concluir a obra. O contrato total foi firmado em R$ 6,5 milhões.

O secretário informou ainda que o BID poderá colocar a empreiteira MG na lista de devedores por não terminar uma obra licitada. “O banco também não autoriza chamarmos o segundo lugar da licitação, então teremos que abrir uma nova licitação e abrir outra empresa para corrigir o que está sendo feito de errado e terminar o que falta”, concluiu.

Promessas

A Orla Morena é um conjunto de obras que compreendem 2,3 quilômetros de revitalização da região remanescente dos trilhos da ferrovia. Na primeira etapa, conforme publicações da prefeitura, o investimento foi de R$ 9 milhões e foi realizada da avenida de Júlio Castilho até a rua Plutão.

Já o segundo trecho a promessa de Nelsinho Trad (PMDB) no lançamento em dezembro de 2010 era que seria concluída em 18 meses. Porém, a população ainda aguarda os investimentos em drenagem, iluminação pública, calçamento e paisagismo.

“Moro aqui há 17 anos e até agora só vi mato desde que parou o trem. Tem muitos drogados e sujeira nessa região”, disse Maria Aparecida Rosseli, 53 anos, aposentada, apontando também para a Rotunda, um projeto a parte que a prefeitura também prometeu buscar recursos para revitalizar do que sobrou da antiga Ferrovia Noroeste (NOB).

“Até agora só promessas, porque revitalização que é bom nada”, disse Edilson Mooreira, 45 anos, que há 10 anos trabalha em um comércio próximo. Para José Greório Lopes, 41 anos, há 13 anos comerciante da região a conclusão da obra seria essencial para valorização do local.

“Com certeza iria atrair muito mais público, mas não vimos gente trabalhando aqui faz tempo”, concluiu.