Marcada para 28 de fevereiro – uma quinta-feira – audiência de instrução e julgamento do terceiro sargento da Marinha, fuzileiro naval-músico Willian Afonso dos Santos, 29, acusado de ter matado e ocultado o corpo de Greice Soares Roque, 26, em uma mala. O crime aconteceu em novembro do ano passado e desde então, o militar está preso preventivamente, em regime fechado, no 6º Distrito Naval de Ladário, onde é lotado.

De acordo com o despacho do da 1ª Vara Criminal de Corumbá, Eguiliell Ricardo da Silva, datado de 07 de fevereiro, na audiência de instrução serão ouvidas testemunhas “somente de acusação, uma vez que a defesa não arrolou de testemunhas quando da apresentação da defesa preliminar”. O militar teve negado pedido de Habeas Corpus feito ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS). Na decisão, o magistrado esclarece que não há “hipótese de absolvição sumária”, como havia requerido a defesa do réu. No entendimento do juiz, a situação “não se enquadra nas hipóteses autorizadoras da absolvição sumária. É, pois, necessária a instrução do feito, a fim de se aferir a veracidade dos fatos. Ainda, o denunciado não apresentou elementos probatórios capazes de desconstituir, de plano, os indícios do delito e, os aspectos de fundo, concernentes ao próprio mérito da causa, deverão ser examinados no momento processual adequado”.

Absolvição sumária é o ato pelo qual o juiz não atribui fato delituoso ao imputado, isenta-o da pena e o exclui de julgamento pelo Tribunal do Júri. O juiz da 1ª Vara Criminal de Corumbá deferiu o pedido da defesa e determinou a realização de exame de dependência toxicológica no fuzileiro naval-músico entendendo que a realização do exame evitará “futura alegação de cerceamento de defesa”.

O crime

Greice foi estrangulada e teve o corpo escondido dentro de uma mala. O crime só foi descoberto porque o acusado tentou se livrar do corpo nas proximidades do lixão – em companhia de outros dois militares – e foi denunciado por moradores da região que estranharam a movimentação e acionaram a PM pelo telefone 190. O fuzileiro confessou a ação durante interrogatório policial ocorrido após ter sido preso em na tarde do dia 16 de novembro.

As investigações mostraram que o corpo de Greice permaneceu na casa do fuzileiro naval, da noite de quarta (14) até a sexta-feira, dia 16. “Ele deixou o corpo em casa, foi trabalhar, voltou, limpou a casa inteira. Pediu a mala emprestada, onde colocou o corpo na sexta-feira por volta do meio-dia. O corpo permaneceu na cozinha”, disse a delegada Priscila Vieira, responsável pelo caso, ao relatar o que o terceiro sargento havia contado para a Polícia Civil em interrogatório.

De acordo com as informações passadas pela delegada, com base no interrogatório, o pescoço de Greice foi quebrado – após ter sido morta – para que coubesse na mala em posição fetal. O militar disse que houve consumo de drogas por eles e que o homicídio aconteceu por causa de uma discussão e também porque teria sido ameaçado pela mulher, que era garota de programa.