A Santa Casa deverá receber um aparelho de radioterapia do Ministério da Saúde. Segundo o presidente da ABGC (Associação Beneficente de Campo Grande), Wilson Teslenco, uma reunião com o Inca (Instituto Nacional do Câncer) está agendada para os próximos dias 10 e 11 de julho para definir quais serão os moldes do contrato. Assim, Campo Grande poderá contar com quatro aparelhos de combate ao câncer e dar fim ao monopólio exercido atualmente pela empresa Neorad, envolvida no escândalo da Operação Sangue Frio, da Polícia Federal.

Teslenco explicou que a recusa por parte do hospital foi feita pela Junta Interventora – comandada pela prefeitura e Estado – que estava a frente da Santa Casa até o ultimo dia 17 de maio. Ao reassumir o hospital, a ABCG – proprietária original – tenta reverter a situação.

“Nós temos interesse sim. A Santa Casa é inclusive credenciada para fazer os atendimentos. Agora nós estamos negociando porque o modo como foi ofertado no ano passado, pelo Ministério da Saúde, não está mais disponível, mas o Inca nos garantiu que tem como conseguirmos”, declarou Teslenco.

De acordo com o presidente da ABCG, a reunião marcada para os dias 10 e 11 de julho vai definir quais serão os moldes do contrato a ser estabelecido.

Atualmente a Santa Casa terceiriza o serviço para a Neorad, que monopoliza todo o tratamento de radioterapia em Campo Grande. Por mês, Teslenco informou que pelo menos 90 pessoas passam pelo tratamento e a privatização custa cerca de R$ 100 mil mensais aos cofres públicos.

Questionado sobre qual o impacto do novo aparelho para os atendimentos, Teslenco disse que ainda não tem como mensurar. “Não temos como saber o que isso vai representar, mas quando tivermos o aparelho do SUS ele vai se viabilizar com aumento de demanda. Então muito mais pessoas serão beneficiadas, com todo certeza”, declarou.

O convênio com o Ministério da Saúde vai disponibilizar um aparelho novo de radioterapia para o HU – que foi obrigado judicialmente a receber o acelerador linear após ação movida pelo Ministério Público Federal, um para o Hospital Regional e outro para o Hospital do Câncer de Campo Grande.

Neorad

Atualmente a Neorad concentra todo o atendimento de radioterapia em Campo Grande. Os pacientes que são tratados no Hospital do Câncer são direcionados para a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) que terceiriza o serviço para a Neorad. Na Santa Casa, o serviço também é privatizado, em favor da Neorad.

Também os pacientes que deveriam estar sendo tratados no Hospital Universitário, voltaram a ser tratados na Neorad, uma vez que pela falta de atenção dos gestores, que deixaram de trocar um dosímetro (aparelho que mede a radiação para pacientes e funcionários), o setor foi fechado.

A Neorad, de propriedade do médico Adalberto Abrão Siufi, está sendo investigada pela Polícia Federal na Operação Sangue Frio, por fazer parte de um esquema que envolve cobrança do SUS de tratamento de quimioterapia em morto, nepotismo, compra de materiais de empresa de sócio do hospital e fraude em constituição de empresa, entre outras.

A Operação foi deflagrada no dia 19 de março, com efetivo de mais de 100 policiais e 15 servidores da CGU (Controladoria Geral da União) que cumpriram 19 mandados de busca e apreensão e 4 ordens judiciais de afastamento de servidores no HU, entre eles o ex-diretor Geral exonerado, José Carlos Dorsa.

Os crimes investigados são: fraude em licitação, superfaturamento, corrupção passiva, peculato e formação de quadrilha. Quatro meses após a operação, as investigações continuam sem nenhuma condenação penal.